Aug 25 / Victor Arduin

Relatório Semanal Energia - 2023 08 25

Perspectiva de déficit no mercado de petróleo

  • A OPEP+ tem se empenhado em sustentar os preços do petróleo, especialmente após as significativas perdas no mercado durante o primeiro semestre deste ano.
  • O fornecimento global de petróleo está diminuindo de forma constante, com um foco especial nas reservas dos Estados Unidos, que diminuíram em 6,1 milhões de barris na última semana.
  • Os riscos de uma queda abrupta nos preços do petróleo estão diminuindo à medida que os notáveis déficits de oferta se tornam mais evidentes.
  • Os principais benchmarks do petróleo continuam a exibir uma curva de preços em backwardation, o que oferece vantagens às empresas na venda de suas produções a curto prazo.

Introdução

Em outubro, espera-se que a Arábia Saudita limite sua produção de petróleo a 1 milhão de barris, marcando o terceiro mês consecutivo com restrições.

Os fundamentos do mercado de petróleo estão mostrando sinais de escassez, como evidenciado por uma nova redução nos estoques de 6,1 milhões de barris nos Estados Unidos e pelo armazenamento flutuante em navios VLCC, que atingiu os níveis mais baixos de 2023.

Com a curva de preços apresentando backwardation, os produtores de petróleo continuam motivados a comercializar sua produção a curto prazo, aproveitando as vantagens de preços superiores aos que teriam se optassem pela venda futura.
Figura 1: Armazenamento Flutuante VLCC (M, bbl) vs. Spread nos Futuros do Brent

Fonte: Refinitiv

Figura 2: Invetário de Petróleo Bruto Comercial dos EUA vs. WTI (US$/bbl)

Fonte: Refinitiv

Impacto da OPEP+ nos preços do petróleo

Os suprimentos mundiais de petróleo estão se tornando cada vez mais escassos. Embora o mercado esteja focado nos inventários americanos, que mais uma vez registraram uma queda de 6,1 milhões de barris, totalizando 433,5 milhões de barris, outros indicadores também apontam para uma escassez energética crescente. Até agosto, foram confirmados pouco mais de 16 milhões de barris armazenados em Very Large Crude Carriers (VLCCs), o menor volume de 2023.

Além disso, os esforços coordenados pela OPEP+ têm produzido resultados significativos na limitação do fornecimento global de petróleo, e com a influência da Arábia Saudita, essa restrição pode ser intensificada ainda mais antes do final do ano. Como o bloco representa aproximadamente 40% do abastecimento global, ele exerce uma influência significativa nos mercados futuros de energia.

Gráfico #3: Produção e Exportações Mensais da OPEP (M bpd)

Fonte: Baker Hughes, Refinitiv

Enquanto isso, estão em curso discussões sobre a possível decisão da Arábia Saudita de estender sua redução voluntária na produção em 1 milhão de barris por dia (bpd) até outubro. Desde junho, o país tem trabalhado para limitar o fornecimento global, buscando equilibrar a dinâmica entre a demanda e o fornecimento de petróleo. Sua produção agora está no nível mais baixo desde 2021, com declínios também sendo observados nas exportações.

Como resultado, os riscos de uma queda acentuada nos preços do petróleo, semelhantes aos que ocorreram no primeiro semestre deste ano, estão diminuindo. O principal fator por trás desse desempenho mais robusto na segunda metade do ano são os notáveis déficits de fornecimento que estão surgindo no mercado. Recentemente, a Agência Internacional de Energia (IEA) em Paris previu um déficit de 1,7 milhão de bpd para o segundo semestre do ano.

Figura 4: Produção de Petróleo Bruto da Arábia Saudita (M bpd)

Fonte: EIA, Refinitiv

Mercado Segue em Backwardation

Enquanto a curva de preços continua a apresentar backwardation, os produtores de petróleo encontram estímulos para comercializar sua produção em um horizonte de tempo mais imediato, tirando vantagem das condições de preços mais favoráveis.

Se medidas adicionais de estímulo provenientes da China contribuirem para um sentimento mais otimista do consumo de petróleo no país, juntamente com restrições de suprimento pela OPEP+, é provável que a curva de preços siga em backwardation o restante do ano.

Contudo, os preços do petróleo estão enfrentando uma crescente resistência para atingir níveis mais elevados. Após registrarem um aumento de mais de 15% durante o mês de julho, preocupações em relação à trajetória da taxa de juros nos Estados Unidos estão gerando incertezas quanta à demanda global por energia.

Gráfico #5: Curva de Backwardation WTI e Brent (U$/bbl)

Fonte: EIA

Resumo

Os esforços de redução na produção de petróleo pela OPEP+ têm desempenhado um papel crucial na manutenção dos preços de energia. Contudo, caso o crescimento econômico chinês decepcione no segundo semestre, possivelmente comprometerá a eficácia dessas medidas que tem limitado o suprimento mundial.

Nas últimas semanas, tem prevalecido uma abordagem cautelosa à medida que os investidores procuram obter informações mais precisas sobre a manutenção das taxas de juros em níveis elevados. Além de favorecer uma apreciação da moeda americana, tornando mais caro commodities energéticas para detentores de outras moedas, aumentam também os riscos de um agravamento da situação econômica, bastante correlacionada com o consumo de petróleo.

Assim sendo, os indicadores econômicos que serão divulgados nas próximas semanas nos Estados Unidos desempenharão um papel crucial para incentivar maior confiança no mercado de que o ciclo monetário restritivo está se aproximando do seu término, redirecionando a atenção para o apertados níveis de estoque de petróleo ao redor do mundo.

Relatório Semanal — Energia

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Natalia Gandolphi
natalia.gandolphi@hedgepointglobal.com

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