Aug 28 / Pedro Schicchi

Relatório Semanal Grãos, Algodão e Pecuária - 2023 08 28

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"Os produtores brasileiros enfrentam decisões sobre o que e quanto plantar, com margens mais apertadas para o milho de inverno e soja em comparação com os anos anteriores. A influência do El Niño nas produtividades das culturas varia por região, com potenciais efeitos positivos nos estados do Sul e impactos ligeiramente negativos nos estados do Centro e Norte.
Com um crescimento moderado na área e uma perspectiva de rendimento relativamente favorável, projetamos a produção de soja em cerca de 163M ton. As perspectivas de produção de milho são menos favoráveis devido a fatores econômicos e menor otimismo em relação ao rendimento, com a produção estimada em 133M ton, semelhante à nossa estimativa atual para 22/23, apesar de algum crescimento na área."

Estimativas para a nova safra no Brasil

Os produtores brasileiros estão decidindo o que e, mais importante, quanto plantar em 23/24. O “o que” costuma ser uma pergunta mais fácil de responder, pois na maior parte do Brasil é possível plantar milho como segunda safra, e a soja é preferida para o verão. “Quanto” é a verdadeira questão.

Este ano, temos custos mais baixos, porém preços também mais baixos. No entanto, os preços caíram mais do que os insumos e, portanto, as margens estão mais apertadas do que nos últimos três anos. Isso é verdade para ambos, mas as margens esperadas para o milho de inverno estão mais apertadas do que as da soja.

Dois pontos decorrem desse fato. Um deles é que margens mais apertadas exigem mais atenção à gestão de riscos, pois movimentos de mercado podem erodir os lucros com mais facilidade. O segundo é que devemos esperar um crescimento de área menor do que vimos nos últimos anos.
Figura 1: Soja Brasil – Retorno Bruto Esperado em Julho (R$/ha)
Figura 2: Milho Brasil – Retorno Bruto Esperado em Julho (R$/ha)

Fonte: Conab, Hedgepoint. Inclui apenas custos operacionais

Fonte: Conab, Hedgepoint. Inclui apenas custos operacionais

As margens afetam a área, mas o que podemos dizer sobre a produtividade?
Os rendimentos são difíceis de prever até enquanto a safra se desenvolve; você pode imaginar o quão precisas são as estimativas pré-safra. Ainda assim, temos um ano de El Niño pela frente.

Temos um relatório completo discutindo os possíveis efeitos do fenômeno nas safras. O resumo da história é que, no verão brasileiro, o El Niño tende a ser positivo para os estados do Sul, pois traz bons níveis de chuva - o oposto do que tem acontecido nesses últimos anos de La Niña.

Por outro lado, ele tende a ser ligeiramente negativo para os estados do Centro-Norte, pois traz temperaturas ligeiramente acima da média, o que, se combinado com baixa precipitação, pode resultar em perdas.

No entanto, nem sempre é o caso, já que o El Niño não é fortemente correlacionado com a precipitação no Norte. Ainda assim, como Rio Grande do Sul e Paraná normalmente produzem cerca de 40M ton de soja em anos normais, e o MATOPIBA alcançou cerca de 20M tonem 22/23. Assim, as boas perspectivas para o Sul têm maior efeito no número final do Brasil.

Quanto ao milho de inverno, o cenário não é exatamente o mesmo. As tendências gerais permanecem: positivas para o Sul e negativas para o Centro-Norte. No entanto, o milho é mais sensível a temperaturas elevadas do que a soja e, além disso, o Rio Grande do Sul não produz milho de inverno.

Assim, as perdas nos estados do Centro e Norte podem ser maiores, enquanto o estado que mais se beneficia do fenômeno não está presente para na equação compensar esse efeito.
Figura 3a: Anomalia de Temperatura nos anos do El Niño – dezembro (desv. pad. do normal)

Fonte: NOAA, Hedgepoint

Figura 3b: Anomalia de Temperatura nos anos do El Niño – dezembro (desv. pad. do normal)

Fonte: NOAA, Hedgepoint

Figura 4: Correlação entre os Produtividades Estaduais e intensidade do El Niño

Fonte: Hedgepoint

Finalmente, as estimativas de produção

Figura 5: Milho EUA – Área, Rendimento e Produção (M ac, bu/ac, M bu)

Fonte: Conab, Hedgepoint

Juntando tudo isso. Para a soja, temos crescimento de área, embora não tão alto quanto em anos anteriores, e uma perspectiva de produtividade moderada a favorável. Por sua vez, isso nos dá a projeção apresentada na Figura 5.

Estimamos a produção em cerca de 163M ton, mas isso pode ser facilmente aumentado se tivermos bons rendimentos no Centro-Oeste e no MATOPIBA, já que o Rio Grande do Sul sozinho deve se recuperar das 15M ton deste ano para mais de 20 com boas chuvas.
Figura 6: Milho Brasil – Área, Rendimento e Produção (M ha, ton/ha, M ton)

Fonte: Conab, Hedgepoint

Já no caso do milho, este ano já foi economicamente ruim para os produtores do grão. Aliado ao que se supõe ser uma boa safra nos EUA, o incentivo para plantar milho no Brasil é menor do que para plantar soja, embora isso seja discutível. Por sua vez, o crescimento da área que esperamos é também menor.

Além disso, não temos uma perspectiva tão boa para os rendimentos, e os resultados de 22/23 foram espetaculares contra todas as probabilidades. Portanto, estimamos a produção em torno dos mesmos níveis, mesmo com o crescimento da área, já que os resultados deste ano podem não se repetir.

Report Semanal — Grãos e Oleaginosas

Escrito por Pedro Schicchi
pedro.schicchi@hedgepointglobal.com

Revisado por Thaís Italiani
thais.italiani@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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