Oct 9 / Pedro Schicchi

Relatório Semanal Grãos, Algodão e Pecuária - 2023 10 09

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"O plantio de soja está em andamento no Brasil, e embora haja a perspectiva de um ano recorde na produção de soja, há complexidades a considerar.
A indústria de soja do país enfrenta um desafio duplo: uma taxa de crescimento mais lenta na demanda doméstica por farelo de soja nos últimos anos e um ressurgimento dos mandatos de biodiesel, levando a um aumento no consumo de óleo de soja.
A indústria está defendendo o retorno do mandato B15 em relação à atual B12, mas o cronograma e os detalhes exatos permanecem incertos. Isso apresenta um dilema, já que a produção de óleo de soja está intrinsecamente ligada à produção de farelo de soja.
Em 2023, o Brasil conseguiu exportar farelo excedente devido à escassez de produção de farelo na Argentina. No entanto, com a expectativa de recuperação da Argentina em 2024, o mercado pode não ter o mesmo apetite pelo farelo brasileiro."

O cenário para esmagamento no Brasil no próximo ano

Com o início do plantio de soja no Brasil, vamos explorar o cenário para o esmagamento no país no próximo ano. Certamente, se esperamos uma produção recorde de soja, a indústria deveria ter um ótimo ano, certo? Talvez, mas essa não é toda a história. Ampla oferta é apenas uma parte do quadro. A outra é a demanda por farelo e óleo.

Desde que o impacto da Peste Suína Africana (PSA) no mercado global de carne passou, a demanda por farelo tem crescido a taxas menores no Brasil. Enquanto isso, os mandatos de biodiesel voltaram a crescer, o que significa um aumento no consumo de óleo de soja.

A indústria pede o "retorno" para o B15 para março do próximo ano, a partir do atual B12. A regulamentação de 15% de biodiesel, apesar de nunca ter sido alcançada, deveria estar em vigor no início de 2023 de acordo com um plano de progressão estabelecido em 2018. O problema é que não se pode ter óleo de soja sem também obter farelo. No entanto, se o consumo deste último etá lento, o que fazer com o excesso de farelo produzido?

Em 2023, o Brasil conseguiu exportar seu excedente devido à escassez de farelo argentino. No entanto, com um El Niño ativo, esperamos que o país se recupere. Como tal, o mercado pode não estar tão necessitado do farelo brasileiro em 2024.
Figura 1: Soja Brasil - Área, Produtividade e Produção (M ha, ton/ha, M ton)

Fonte: Conab, hEDGEpoint

Figura 2: Balanço de Óleo de Soja no Brasil (M ton)

Fonte: ABIOVE, hEDGEpoint

O que podemos esperar para o próximo ano?

A primeira coisa a observar é como os mandatos vão progredir. Como mencionado, a indústria está pedindo o B15. Embora os representantes do governo tenham reforçado o compromisso de aumentar o consumo de biodiesel, eles têm evitado fornecer datas e números precisos até agora. Acreditamos que um aumento deva ocorrer, mas talvez não tão alto quanto o segmento está solicitando.

Com 56M ton de soja esmagadas no ano (em comparação com 53,5M estimados em 2023), seriam geradas 11,2M ton de óleo e 43M ton de farelo. Se assumirmos B14 ao longo do ano, teríamos um balanço relativamente apertado de óleo de soja, o que deveria levar a menores exportações.

Levando em consideração os dados do USDA, o excedente exportável de óleo de soja da Argentina deve crescer em cerca de ~1M ton de 2023 para 2024. De acordo com nossas projeções, se houver um aumento para B14 no Brasil, as exportações devem diminuir na mesma quantidade. Em outras palavras, apesar de uma safra melhor na Argentina, os dois países podem ter aproximadamente a mesma quantidade de óleo para exportar no total.

As exportações de farelo brasileiro também prosperaram com duas safras ruins consecutivas na Argentina. No entanto, é difícil esperar o mesmo em 2024 com uma produção de soja muito melhor no país. A diferença com o óleo de soja é que o consumo doméstico não está crescendo muito. Portanto, mesmo projetando algum crescimento, haverá muito mais excedente exportável no Brasil, somando-se à maior disponibilidade na Argentina e exercendo pressão descendente no mercado. Portanto, acreditamos que seja o óleo que deva fazer grande parte do trabalho para manter as margens de esmagamento atrativas no Brasil em 2024. Caso contrário o cenário de farelo manterá o apetite dos esmagadores sob controle.


Figura 3: Balanço do Farelo de Soja no Brasil (M ton)

Fonte: ABIOVE, hEDGEpoint

Figura 4: Excedente exportável* de farelo e óleo de soja da Argentina (M ton

Fonte: USDA, *Excedente exportável = Produção-Consumo

Report Semanal — Grãos e Oleaginosas

Escrito por Pedro Schicchi
pedro.schicchi@hedgepointglobal.com

Revisado por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

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