Relatório Semanal Grãos, Algodão e Pecuária - 2023 10 16
O que o Conflito Israel-Palestina Pode Significar para o Mercado de Grãos?
Introdução
Mercados Financeiros
Mercados Financeiros
O número de possibilidades de como a situação pode se desenrolar é grande demais para contar, e todas são especulativas. Sem entrar muito nesses outros mercados - e em geopolítica -, vemos principalmente suporte para essas duas variáveis (preços de petróleo e fretes). O primeiro pode ser altista para os preços das commodities agrícolas, enquanto o segundo pode pressionar os preços nas origens. Deve ser dito, no entanto, que as rotas das Américas para a Ásia não devem ver muitas mudanças, a menos que o conflito escale para níveis muito piores.
Fonte: hEDGEpoint, Refinitiv
Fonte: hEDGEpoint, Refinitiv
Fundamentos
Olhando para as commodities cobertas pelo USDA, Israel figura apenas entre os 10 principais importadores de farelo de canola, óleo de canola e farelo de girassol. Ainda assim, com não mais de 3% das importações mundiais em cada commodity. Um papel pequeno, embora não inesperado, dado a área e população do país. No entanto, olhar apenas por esse ponto de vista é ignorar o quadro geral.
Em primeiro lugar, o Oriente Médio, como bloco de países - por mais variável que essa definição possa ser - é um grande importador de produtos agrícolas, especialmente grãos e carnes. O grupo representa 14% das importações mundiais de milho, 17% de trigo, 7% de carne bovina e 16% de frango. Destes, Egito, Irã, Iraque, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos detêm a maior participação.
Nesse sentido, vemos duas possibilidades. Em primeiro lugar, quando o risco é alto, os países tendem a estocar bens essenciais, sendo os alimentos um alvo comum - o Egito, em particular, pode desempenhar papel chave. Seus leilões de compra de grãos já movimentam o mercado e, adicionalmente, o país é o único, além de Israel, que compartilha uma fronteira com a Faixa de Gaza. Portanto, se necessário, o Egito provavelmente será o canal por meio do qual a ajuda (alimentos, medicamentos, etc.) poderá entrar na área. O aumento da demanda no curto prazo pode levar a suporte nos preços.
O segundo fator fundamental a ser observado é como os exportadores de produtos agrícolas navegarão nesse ambiente geopolítico. Os EUA já têm uma clara aliança com Israel. Outros, no entanto, podem enfrentar um desafio diplomático difícil, em particular o Brasil. Quase todos os países mencionados figuram entre os 10 maiores compradores de milho, frango e carne bovina brasileira. Um caso emblemático é o Irã, que importa milho quase exclusivamente do Brasil há muitos anos.
Finalmente, Israel é um importante fornecedor de fertilizantes fosfatados para o mundo e possui algumas instalações de produção relevantes. Os riscos, neste caso, estão relacionados a danos duradouros à capacidade de produção.
Fonte: hEDGEpoint, USDA
Fonte: hEDGEpoint, MDIC
Conclusões
No final, tudo dependerá de quanto o conflito se intensificará e, especialmente, de como os países vizinhos responderão a ele. Se permanecer restrito às áreas atuais, não é provável que tenha um grande impacto direto no mercado de grãos. Embora o impacto no mercado financeiro e nos fertilizantes possa ter consequências indiretas.
Se o conflito tomar maiores proporções na região, os riscos serão muito maiores. Existem vários compradores importantes de grãos e carnes no Oriente Médio, bem como produtores de petróleo. Os fluxos comerciais definitivamente verão alguns ajustes, seja por questões diplomáticas ou por impactos diretos do conflito.
Report Semanal — Grãos e Oleaginosas
Escrito por Pedro Schicchi
pedro.schicchi@hedgepointglobal.com
Revisado por Lívea Coda e Thaís Italiani
livea.coda@hedgepointglobal.com
thais.italiani@hedgepointglobal.com
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