Aug 14 / Alef Dias

Relatório Semanal Macroeconomia - 2023 08 14

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"Os juros futuros caíram significativamente, e o Real se desvalorizou consideravelmente, principalmente devido à redução da atratividade dos investimentos de curto prazo, o que levou a uma saída de capital estrangeiro."

Fundamentos ainda apontam para otimismo com o Real

  • A política monetária brasileira teve mudanças relevantes nas últimas semanas, com o início do ciclo de corte de juros pelo Banco Central (BCB).
  • Expectativas estavam divididas entre 25 e 50 pontos-base (pbs), e a decisão pelo corte de 50 bps para 13,25% não foi unânime e foi acompanhada por uma postura mais “cautelosa” do BCB em seus comunicados pós-decisão.
  • Olhando para frente, temos fundamentos que devem evitar maiores desvalorizações do BRL. O BCB visa seguir taxas de juros reais acima do nível “neutro”, sugerindo cortes moderados à frente.
  • Adicionalmente, as expectativas de inflação estão caindo, a balança comercial brasileira segue com superávits expressivos, e os especuladores seguem otimistas com o Real.
  • Contudo, nosso modelo de Fair Value do Real – que tem como variáveis o DXY, BCOM, o diferencial de juros e o CDS brasileiro – a moeda brasileira parece bem precificada no momento.

Introdução

As últimas semanas foram extremamente marcantes e relevantes para a política monetária brasileira. A redução das expectativas de inflação nos últimos meses e a menor incerteza com relação à política fiscal finalmente levaram o Banco Central do Brasil (BCB) a começar o tão esperado ciclo de corte de juros.

As expectativas do mercado estavam bem divididas entre um corte de 25 bps e 50 bps antes da reunião do COPOM da semana passada. A decisão pela redução de 50 bps para 13,25% ao ano não foi unânime e o BCB adotou uma linguagem mais hawkish no comunicado pós-decisão e nas minutas da reunião, visando restringir as apostas em cortes maiores em reuniões futuras.

Passada essa importante reunião e toda a comunicação pós-decisão do COPOM, vamos atualizar nossa visão para a economia brasileira e o Real neste relatório.
Figura 1: USD/BRL – Spot e Fair Value

Fonte: hEDGEpoint, Bloomberg

Figura 2: Expectativas Inflação – Brasil (%)

Fonte: Bloomberg

Apesar de esperado, corte teve impactos relevantes

Apesar de uma parte significativa do mercado esperar o corte mais agressivo, a reação pós decisão ainda foi forte. Os juros futuros tiveram quedas significativas e o Real se desvalorizou fortemente – dado que os juros menores tendem a reduzir a atratividade dos investimentos de curto prazo (medido pelo Retorno de Carry Trade, por exemplo), levando a uma saída de capital externo. Contudo, ainda vemos diversos fundamentos positivos para o Real que devem evitar maiores desvalorizações da moeda no médio a longo prazo.
Figura 3: Retornos de Carry Trade (Moedas emergentes)

Fonte: Congressional Budget Office

Mesmo com um corte de 50 pbs na taxa, o Brasil continua longe da taxa real neutra de 4,5%

O BCB enfatizou um "firme objetivo de manter uma política monetária contracionista para ancorar novamente as expectativas e trazer a inflação para a meta no horizonte relevante“, então não esperamos que o Brasil acelere o ritmo de cortes nas próximas reuniões, mantendo a atratividade das taxas reais de juros frente economias centrais por um bom tempo.

Além disso, o país segue apresentando resultados extremamente positivos na balança comercial. O superávit em Julho foi o maior desde 1989, e desde Março deste ano o superávit ficou abaixo das máximas de 5 anos somente uma vez. Adicionalmente, os especuladores continuam muito otimistas com o BRL, comprados liquidamente acima das máximas de 5 anos.

Em resumo

Olhando para nosso modelo de Fair Value do Real – que leva tem como variáveis o DXY, BCOM, o diferencial de juros e o CDS brasileiro – a moeda brasileira parece bem precificada no momento. Contudo, as expectativas inflacionárias têm desacelerado rapidamente e o BCB tem demonstrado que não deve acelerar o ritmo de corte de juros nas próximas reuniões.

Soma-se a isso a balança comercial positiva e a possibilidade da redução do CDS com o avanço da agenda de reformas macro e microeconômicas do governo brasileiro – que mesmo imperfeitas, podem reduzir o risco fiscal brasileiro. Portanto, olhando para os fundamentos domésticos, a valorização do Real parece mais provável.

Fonte: Bloomberg

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

Revisado por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

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