Oct 17 / Victor Arduin

Relatório Semanal Macroeconomia - 2023 10 16

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"As expectativas de um aumento adicional dos juros por parte do Fed em novembro estão dando suporte ao mercado de títulos do tesouro americano, com os rendimentos subindo para os níveis mais altos da última década. Os títulos do tesouro americano ainda têm espaço para se valorizarem à medida que mais dados econômicos forem divulgados e indicarem que a inflação continuará elevada."

Taxas de rendimento do Tesouro Americano atingem patamares mais altos em uma década

  • Rendimentos dos títulos do tesouro americano seguem subindo para os níveis mais elevados da última década, sustentados por resultados altistas do mercado de trabalho no país e revisões mais altas nos números passados.
  • Os juros mais altos estão pressionando o mercado acionário americano e as commodities. Os investidores estão migrando para títulos do tesouro americano, que estão cada vez mais atrativos frente a um cenário inflacionário ainda complexo.
  • Enquanto isso, a Câmara dos EUA aprovou um projeto estendendo o financiamento do governo por 45 dias, permitindo que o Fed tenha acesso aos dados econômicos até sua próxima reunião em 1º de novembro.

Introdução

O mercado de trabalho nos EUA segue forte, gerando preocupações sobre o ritmo de melhora do cenário inflacionário do país, já que o índice de inflação total voltou a subir em sua última leitura, impulsionado, também, pelos maiores custos energéticos.

O mercado de trabalho dos Estados Unidos continuou a crescer em setembro, com a criação de 336.000 vagas de trabalho, quase o dobro das expectativas do mercado. Apesar disso, a boa notícia é que o aumento dos salários está estabilizando, com um incremento médio de 0,2% por hora de trabalho (um aumento de 4,2% na comparação anual).

Os números do mercado de trabalho são especialmente importantes para definir a trajetória das taxas de juros nos EUA, pois são usados em conjunto com outros indicadores, como o índice de preços ao consumidor (CPI), para medir a atividade econômica e a inflação. Um mercado de trabalho muito forte indica uma expansão da demanda do consumidor, o que pode levar ao aumento dos preços.

Apesar de existir alguma divergência entre as autoridades monetárias quanto a um novo aumento de juros até o final do ano, parece haver um consenso de que as taxas de juros precisam permanecer elevadas por mais tempo do que se desejaria.
Portanto, o mercado está atento aos indicadores econômicos para prever a decisão do Fed em 1 de novembro, e o último relatório de empregos dos EUA aumentou as chances de um novo incremento na taxa de juros.

Figura 1: Empregos Não Agrícolas nos EUA

Fonte: Refinitiv

Títulos do tesouro americano continuam a subir

As expectativas de um aumento adicional dos juros por parte do Fed em novembro estão dando suporte ao mercado de títulos do tesouro americano, com os rendimentos subindo para os níveis mais altos da última década. Os títulos do tesouro americano ainda têm espaço para se valorizarem à medida que mais dados econômicos forem divulgados e indicarem que a inflação continuará elevada.

Embora o último relatório de inflação tenha mostrado uma piora, por conta do componente de energia, o núcleo da inflação continua a cair. No entanto, um mercado de trabalho mais robusto, premeditando uma expansão da economia americana, deve reduzir o ritmo da melhora do cenário inflacionário no país.

Figura 2: Rendimento dos Títulos do Tesouro Americano (%)

Fonte: Refinitiv

O mercado segue reagindo aos juros mais altos, o que deve resultar em um dólar mais apreciado e, possivelmente, uma atividade econômica menor para o futuro, visto que o efeito dissipador dos juros demora algum tempo para disseminar na economia.
Enquanto isso, o mercado acionário americano tem sofrido quedas nas últimas semanas, conforme mostra o gráfico #3.

Isso ocorre porque os juros mais altos tornam os títulos do tesouro americano mais atraentes, levando os investidores a reduzirem sua exposição a ativos de maior risco, como empresas listadas na bolsa e commodities.

As commodities enfrentam um horizonte desafiador, pois juros mais altos por mais tempo ou uma recessão podem levar a uma queda nos preços. Esses são dois cenários altamente prováveis dada as atuais circunstâncias.
Figura 3: Principais Índices do Mercado de Ações dos EUA

Fonte: Bloomberg

Em Resumo

Dados do payroll vieram quase o dobro do esperado em sua última divulgação, gerando incertezas a respeito da trajetória inflacionária para o restante do ano. Um mercado de trabalho robusto como está agora deverá trazer uma expansão mais forte da atividade econômica, o que pode pressionar a inflação.

Essa possibilidade continua sendo absorvida pelo mercado, que se posiciona à medida que mais dados econômicos são divulgados e buscando antecipar um possível aumento dos juros em novembro, o que traz um sentimento altista para os rendimento dos títulos do Tesouro Americano.

Ainda nesse sentido, a recente aprovação de um projeto da Câmara dos EUA permite o financiamento das instituições federais por mais 45 dias, afastando o risco da não publicação de indicadores econômicos e  permitindo mais dados chegarem ao público e, em especial, ao Fed.

Enquanto isso, países emergentes, em particular o Brasil, seguem assistindo um movimento de depreciação pela conjuntura externa que aponta para uma diminuição do diferencial de juros pagos entre suas moedas e o dólar.

Fonte: Refinitiv

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Victor Arduin
alef.dias@hedgepointglobal.com

Revisado por Lívea Coda

livea.cod@hedgepointglobal.com

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