Nov 14 / Victor Arduin

Relatório Semanal Macroeconomia - 2023 11 13

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"A desvalorização do yuan em relação ao dólar criou uma certa distorção na comparação das importações e exportações da China com o ano anterior, quando o yuan estava mais apreciado. Em parte, isso explica por que, quando medido em dólares, os dados parecem mais amenos."

Câmbio desvalorizado mascara o crescimento do comércio da China

  • A economia chinesa está enfrentando desafios significativos ao longo do ano de 2023, mas há bastante espaço para estímulos caso Pequim deseje intervir.
  • Uma série de indicadores econômicos desfavoráveis tem surgido, criando obstáculos consideráveis para a construção da confiança tanto no consumo quanto nos investimentos.
  • Contudo, seu comércio internacional mantém-se resiliente com câmbio depreciado, resultando em maior competitividade de seus produtos.

Introdução

A reabertura da China pós covid-19 tem sido bastante desafiador no país. Alto desemprego entre jovens, desaceleração econômica, alto endividamento público são alguns dos problemas da segunda maior economia do mundo.

Outro desafio que a China enfrenta é o ritmo de aumentos dos preços, que persistem na zona desinflacionária. Isso reflete a dificuldade em estimular o consumo e o investimento no país.

Por tanto, isso pode levar a uma política fiscal e monetária mais flexível com o tempo. Pequim tem evitado o uso de estímulos econômicos mais agressivos no momento, mas isso não significa que não possa usá-los no futuro.

Figura 1: Inflação na China a.a (%)

Fonte: National Bureau of Statistics of China

Figura 2: Inflação na China a.a (%)

Fonte: People's Republic of China

Comércio está mudando no país asiático

Dados econômicos da China em 2023 têm causado uma mistura de sentimentos no mercado. Por um lado, a desaceleração econômica do país, motivada por desafios no setor imobiliário, é um sinal de alerta. Por outro lado, sua balança comercial tem se mostrado resiliente, mesmo considerando os altos juros mundiais.

Quando medido em dólares, as exportações da China caíram 6,4% em outubro de 2023, enquanto as importações aumentaram 3%. No entanto, essa queda pode ser explicada pela forte desvalorização do yuan em relação ao dólar. O aperto monetário realizado pelos Estados Unidos e outras principais economias do mundo criou um cenário mais adverso para a apreciação das moedas dos mercados emergentes, como a China.
Figura 3: Comparando da Moeda Chinesa com o Índice DXY

Fonte: Refinitiv

A desvalorização do yuan em relação ao dólar criou uma certa distorção na comparação das importações e exportações da China com o ano anterior, quando o yuan estava mais apreciado. Em parte, isso explica por que, quando medido em dólares, os dados parecem mais amenos.

As exportações da China cresceram 0,4% em relação ao ano anterior, atingindo 19,55 trilhões de yuans para acumulado de 2023, enquanto as importações diminuíram 0,5% em relação ao ano anterior para 14,77 trilhões de yuans, conforme dados da Administração Geral das Alfândegas.

No entanto, é importante observar que o perfil do comércio internacional da China está mudando. O comércio com países ocidentais está diminuindo, com queda de 1,6% com a União Europeia e 7,6% com os Estados Unidos, em comparação com o ano anterior. Em contraste, o comércio com países da Ásia Central está crescendo, com um aumento de 34,8%.
Figura 4: Variação nas Exportações e Importações em Dólares a.a (%)

Fonte: National Bureau of Statistics of China

Em Resumo

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou recentemente sua projeção de crescimento econômico da China de 5% para 5,4% em 2023. Essa revisão, mesmo que pequena, indica que o país continua sendo um importante vetor de demanda global, principalmente considerando seu tamanho.

A China enfrenta uma série de reformas estruturais de longo prazo que, se não forem abordadas, podem comprometer seu crescimento econômico. Esses desafios incluem o alto endividamento dos governos locais, a dificuldade em estimular o consumo da população e o envelhecimento da sua sociedade.

Contudo, é importante observar que, apesar dos desafios, a China ainda mostra um bom dinamismo econômico. Seu comércio internacional continua crescendo, mesmo que em dólares tenha reduzido devido à desvalorização da moeda chinesa.

Logo, a segunda maior economia do mundo deve se manter como um ponto de convergência para as commodities mundiais, como tem sido nos últimos anos. Em 2023, o país realizou a maior importação de petróleo desde o início da pandemia, o que indica que a perspectiva para commodities agrícolas também é bastante positiva.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

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