Feb 14 / Victor Arduin

Relatório Semanal Macroeconomia - 2024 02 14

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China contribui para a desaceleração da inflação global

  • A inflação tem sido um dos principais desafios na economia mundial ao longo dos últimos 3 anos, porém, no último ano, a China contribuiu para aliviar essa pressão.
  • Com a desvalorização de sua moeda e a queda nos preços internos, resultantes da falta de confiança dos consumidores e investidores no país, a segunda maior economia do mundo tem propagado sua deflação globalmente.
  • Contudo, a persistente deflação em sua economia começa a trazer riscos para seu crescimento econômico, o que pode significar menos importações de commodities nos próximos anos.

Introdução

Após um longo período de lockdown, uma medida imposta para combater a Covid-19, a China iniciou o processo de reabertura de sua economia em 2023. Esperava-se um ano de recuperação na segunda maior economia do mundo, onde o retorno das atividades econômicas traria mais consumo e crescimento, porém, não foi exatamente isso que ocorreu.

Desafios significativos têm se mostrado presentes para a economia chinesa. O setor imobiliário apresenta fraqueza, com cada vez menos estímulos, o desemprego entre os jovens cresceu e a moeda sofreu forte desvalorização, resultado dos altos juros nas principais economias do mundo. No entanto, um dos desafios mais significativos tem sido a deflação.

Figura 1: China – Inflação do Consumidor e Produtor (%)

Fonte: National Bureau of Statistics of China

Figura 2:  China – Taxas Básicas de Juros (%)

Fonte: PBoC

Os preços das exportações chinesas em queda

Nos últimos anos, a China tem chamado atenção devido a um desempenho econômico menos robusto do que o observado nas últimas décadas. Apesar de registrar um crescimento menor, com uma expansão do PIB de 5,2% em 2023, o país ainda mantém sua importância como um motor significativo do mercado global. No entanto, é inegável que existem desafios significativos, como a inflação, que encerrou em -0,8% em janeiro.

Os preços ao consumidor estão caindo à taxa mais rápida em 15 anos, refletindo a falta de confiança dos investidores na economia do país asiático. Com a deflação persistente, o mercado de ações tem desvalorizado, mais de -10% em 2023, assim como sua moeda, que nos últimos meses tem se depreciado em relação ao euro e ao dólar. Se os produtos chineses já estavam mais baratos devido à deflação interna no país, a desvalorização cambial os torna ainda mais competitivos. O efeito combinado de preços mais baixos e câmbio desvalorizado tem contribuído para a desinflação mundial.
Figura 3: China – Taxa Spot de Câmbio do Yuan

Fonte: Bloomberg

De maneira geral, preços mais baixos são bem-vindos, mas não quando disseminam a deflação em uma economia, como tem sido o caso da China. A persistente deflação no país está afetando o crescimento econômico. Um exemplo disso é que o FMI prevê um crescimento de 4.6% em 2024, podendo cair para 3.5%, e 2% em 2025.

Nesse sentido, espera-se que o país adote estímulos mais fortes, tanto em sua política monetária, por meio do corte de juros, quanto na política fiscal, com estímulos direcionados a setores da economia, especialmente o imobiliário. Sem o suporte econômico de Pequim, 2024 pode se tornar um ano mais difícil para commodities. Com um menor crescimento econômico e uma moeda desvalorizada, o país pode importar menos insumos, o que pode afetar economias emergentes.
Figura 4: China - Exportações e Importações Ano a Ano em USD (%)

Fonte: Refinitiv

Em Resumo

Apesar do crescimento econômico mais modesto em 2023, a China continua a desempenhar um papel crucial como um motor importante do mercado global. Alguns setores, como a fabricação de carros elétricos, continuam a prosperar, assim como o setor de serviços, demonstrando a resiliência e a diversificação da economia chinesa.

Os preços ao consumidor na China estão diminuindo rapidamente, o que reflete a falta de confiança na economia do país asiático. Enquanto a deflação persistir, haverá um risco significativo para o consumo e o investimento.

Espera-se que a China implemente estímulos mais robustos em 2024, tanto em sua política monetária, através do corte de juros, quanto na política fiscal, com foco em setores específicos como o imobiliário.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

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