Feb 20 / Victor Arduin

Relatório Semanal Macroeconomia - 2024 02 20

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Surpresa na Inflação Americana Aumenta Aversão ao Risco

  • A última semana foi marcada por uma alta nos dados de inflação dos EUA, o que contribuiu para o fortalecimento do dólar americano, devido ao cenário de maior avessão ao risco.
  • Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano continuam a registrar altas, atingindo níveis não vistos desde meados de dezembro, quando as expectativas de um corte de juros no primeiro trimestre de 2024 estavam ganhando força.
  • Essas movimentações podem ser percebidas em um escopo mais amplo, como no mercado de commodities, que reflete um sentimento mais baixista devido ao dólar mais valorizado e aos riscos de menor demanda no futuro.

Introdução

Na semana passada, o mercado de títulos do Tesouro americano esteve bastante agitado devido aos dados de inflação, que superaram as expectativas, aumentando a aversão ao risco. A surpresa altista, especialmente no setor de serviços, reforça a ideia de que ainda há um caminho a percorrer para atingir a meta de inflação de 2%.

Olhando para o cenário macroeconômico, com um mercado de trabalho resiliente e uma atividade econômica forte, cresce o sentimento de que os juros permanecerão altos por mais tempo, algo que tem reflexos não apenas no mercado de títulos soberanos dos Estados Unidos, mas também no mercado de commodities.

Figura 1: EUA – Inflação (%)

Fonte: Bureau of Labor Statistics

Figura 2:  EUA – Rendimento das Notas do Tesouro Americano (%)

Fonte:Refinitiv

Para onde vão os Treasuries nos Estados Unidos?

O nível dos juros nos Estados Unidos tem um impacto amplo na economia mundial, já que o dólar americano é a principal moeda de reserva do mundo. Por essa razão, o mercado aguarda ansiosamente por cortes de juros pelo Fed. No entanto, dados positivos de emprego e os recentes números da inflação do país, que registraram 3,1% em janeiro, indicam que a economia pode conviver com a atual política monetária restritiva por mais tempo. Portanto, não devemos observar uma flexibilização dos custos de empréstimo antes de junho.

À medida que aumenta a percepção do mercado de que os juros permanecerão altos por mais tempo, os rendimentos dos tesouros americanos reagem, ganhando força nas últimas semanas. Por exemplo, o benchmark de 2 anos (2A T-Note) fechou na última sexta-feira, dia 16/02, em 4,65%, uma alta de 0,16 (+3,74%). Esse nível não era observado desde meados de dezembro, quando muitas apostas do mercado davam como certo um corte de juros em março de 2024.
Figura 3: Índice DXY

Fonte: Bloomberg

Se, por um lado, os juros altos na maior economia do mundo preocupam por dificultarem o acesso ao crédito e reduzirem o consumo, também preocupam os países emergentes e os deixam apreensivos, principalmente os exportadores de commodities. Como esses produtos são geralmente negociados em dólar, o fortalecimento da moeda americana os torna mais caros, resultando em uma pressão baixista para este mercado.

A influência da movimentação do mercado pode ser visualizada no DXY, um índice que acompanha o desempenho do dólar, que apresenta uma alta acumulada de 2,96% (+2,92%) até o momento em 2024, e no BBG Commodities, um índice que monitora a valorização ou desvalorização das commodities, o qual registrou uma queda de 2,39% (-2,43%) neste ano. Assim, grande parte do terreno conquistado pelas commodities desde o final do ano passado está sendo perdido, refletindo os juros mais altos por um período prolongado em relação ao inicialmente previsto.
Figura 4: Índice BBG Commodities

Fonte: Refinitiv

Em Resumo

Apesar do crescimento econômico mais modesto em 2023, a China continua a desempenhar um papel crucial como um motor importante do mercado global. Alguns setores, como a fabricação de carros elétricos, continuam a prosperar, assim como o setor de serviços, demonstrando a resiliência e a diversificação da economia chinesa.

Os preços ao consumidor na China estão diminuindo rapidamente, o que reflete a falta de confiança na economia do país asiático. Enquanto a deflação persistir, haverá um risco significativo para o consumo e o investimento.

Espera-se que a China implemente estímulos mais robustos em 2024, tanto em sua política monetária, através do corte de juros, quanto na política fiscal, com foco em setores específicos como o imobiliário.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

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