Mar 26 / Alef Dias

Relatório Semanal Macroeconomia - 2024 03 26

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Uma primeira análise sobre as eleições americanas

  • O presidente Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump garantiram as indicações de seus partidos, preparando o terreno para a primeira reedição da eleição presidencial dos EUA em quase 70 anos.
  • Embora ainda seja muito cedo para prever o eventual vencedor, uma revanche entre Trump e Biden provavelmente aumentará as incertezas geopolíticas e de mercado. As pesquisas indicam impopularidade generalizada para ambos, mas Trump está na frente na probabilidade de vitória de acordo com as pesquisas e mercados de apostas.
  • Contudo, os mercados americanos tendem a ser resistentes à volatilidade política. Analisando o desempenho do S&P 500 de 1937 a 2022, por exemplo, observa-se que o retorno médio anual é de 9,9% nos anos de eleições presidenciais e de 12,5% nos anos não eleitorais. O S&P 500 não caiu durante um ano de reeleição presidencial desde 1952.
  • Um cenário favorável aos ativos de risco tende a ser positivo para as commodities em geral. O maior impacto específico deve ser sobre o complexo energético: as políticas de Trump parecem ser mais favoráveis aos combustíveis fósseis, enquanto os renováveis podem se beneficiar relativamente em um cenário de vitória de Biden.

Introdução

O presidente Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump garantiram as indicações de seus partidos, preparando o terreno para a primeira reedição da eleição presidencial dos EUA em quase 70 anos. Com isso, analisaremos as prováveis principais políticas de cada um dos candidatos e seus impactos sobre as commodities e demais ativos.


Como se encontra a disputa presidencial?

Embora ainda seja muito cedo para prever o eventual vencedor, uma revanche entre Trump e Biden provavelmente aumentará as incertezas geopolíticas e de mercado, já que o sentimento do público em relação a ambos os candidatos permanece morno, com pouco entusiasmo para a revanche. As pesquisas indicam impopularidade generalizada para ambos, mas Trump está na frente na probabilidade de vitória de acordo com as pesquisas e mercados de apostas.

Em última análise, as chances dos candidatos e o impacto sobre os mercados provavelmente serão guiados pelo fato de a economia dos EUA conseguir uma aterrissagem suave, com oscilações de volatilidade impulsionadas pela política. O histórico sugere que o Presidente Biden tem mais chances de vencer se os EUA evitarem uma recessão.

Probabilidades de vitória presidencial (média de apostas, %)

Fonte: Real Clear Politics

Probabilidades de recessão EUA (%)

Fonte: Bloomberg

Quais as principais políticas de cada candidato?

A tabela 1 mostra como as prioridades políticas dos dois candidatos são diferentes. Basicamente, Biden sinaliza a continuidade da política e uma postura mais sutil em relação à política externa e comercial.

Em contraste, uma presidência de Trump pode trazer mais atritos, tanto internamente (por meio de restrições à imigração em um momento em que o mercado de trabalho está apertado) quanto para o resto do mundo. Uma de suas prioridades políticas é impor uma tarifa de 60% sobre as importações da China e uma tarifa de 10% sobre outros parceiros comerciais, incluindo a União Europeia.

Por outro lado, Trump planeja reduzir os impostos corporativos dos EUA, o que pode ser positivo para os ativos de risco em geral – mas principalmente para as ações americanas. O impacto nos mercados financeiros provavelmente será determinado pela sequência da implementação de sua política: os cortes propostos nos impostos corporativos virão antes da legislação sobre imigração e/ou tarifas de importação?
Tabela #1: Principais políticas de cada candidato

Fonte: Standard Chartered

Impactos sobre o complexo energético

A eleição americana pode ter grandes impactos no setor de energia. Trump procuraria desfazer grande parte do trabalho do governo Biden no combate às mudanças climáticas se retornasse ao cargo após a eleição de novembro e lançaria novos esforços para expandir a produção de combustíveis fósseis.

Embora alguns programas de crédito fiscal para biocombustíveis sejam tradicionalmente bipartidários, o grande desafio SAF de Biden e outras políticas de biocombustíveis podem estar em risco em um cenário de vitória de Trump. Durante o primeiro mandato de Trump, isso foi ilustrado por uma série de isenções concedidas às refinarias, dispensando-as do cumprimento do padrão de combustível renovável (RFS).
Tabela #1: Obrigação de volume renovável (RVO, USc/USG)

Fonte: Bloomberg

Em Resumo

A história mostra que os presidentes dos EUA geralmente são reeleitos se a economia evitar uma recessão. Os dados mais recentes foram mais brandos do que o esperado. Entretanto, o presidente do Fed, Jerome Powell, reiterou nos últimos os planos de cortar as taxas ainda este ano se a atual tendência desinflacionária persistir, o que deve ajudar a apoiar o crescimento.

Apesar da liderança de Trump nas pesquisas e demais indicadores, ainda estamos apenas no início da corrida eleitoral, e a impopularidade de ambos os candidatos enseja uma alta volatilidade durante o processo eleitoral. Contudo, os mercados americanos tendem a ser resistentes à volatilidade política. Analisando o desempenho do S&P 500 de 1937 a 2022, por exemplo, observa-se que o retorno médio anual é de 9,9% nos anos de eleições presidenciais e de 12,5% nos anos não eleitorais. O S&P 500 não caiu durante um ano de reeleição presidencial desde 1952.

Um cenário favorável aos ativos de risco tende a ser positivo para as commodities em geral. O maior impacto específico deve ser sobre o complexo energético: as políticas de Trump parecem ser mais favoráveis aos combustíveis fósseis, enquanto os renováveis podem se beneficiar relativamente em um cenário de vitória de Biden.

Retornos do S&P500 após eleições

Fonte: Grupo de Gestão de Ativos do US Bank

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

Revisado por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

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