Apr 3 / Victor Arduin

Relatório Semanal Macroeconomia - 2024 04 03

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Algum alívio ao mercado de commodities

  • Após algumas surpresas altistas na inflação americana, o PCE de fevereiro veio abaixo das expectativas do mercado, trazendo mais otimismo em relação ao início do corte de juros nos EUA em junho deste ano.
  • Além disso, revisões altistas para o PIB global e a expansão da atividade industrial nas principais regiões do mundo indicam que o consumo de commodities este ano poderá ser maior do que o inicialmente esperado.
  • Os estímulos provenientes da China alimentam esse otimismo e o país poderá surpreender em 2024, uma vez que Pequim se mostra mais disposta a usar os instrumentos necessários para alcançar um crescimento superior a 5%.
  • No entanto, esse alívio sobre as commodities, que estavam bastante pressionadas até então pelo ambiente monetário restritivo, poderá encontrar algumas limitações diante do elevado déficit público americano.

Introdução

As commodities representam uma das classes de ativos fundamentais na economia, influenciadas pelas dinâmicas de oferta e demanda do mercado e suscetíveis às volatilidades dos eventos macroeconômicos. Nesse sentido, nos últimos meses assistimos um cenário baixista para as commodities em meio um dólar bastante apreciado e uma política monetária restritiva bastante intensa nas principais economias do mundo objetivando combater a inflação.

Apesar de alguns riscos ainda persistirem no mercado, há sinais que trazem maior otimismo para as cotações em 2024. Estímulos provenientes da China, revisões mais positivas para o PIB global, preocupações geopolíticas e uma possível aterrisagem suave na maior economia do mundo são alguns exemplos que favorecem uma visão mais positiva para esses ativos. Portanto, nosso relatório se concentrará em discutir os fatores que estão proporcionando algum alívio ao mercado de commodities.

Figura 1: Ouro (US$/Onça)

Fonte: Refinitiv

Figura 2:  Índice BBG Commodities Vs. DXY

Fonte: Refinitiv

PIB global mostra melhora no final do primeiro trimestre do ano

O evento mais aguardado deste ano é sem dúvidas o começo da flexibilização da política monetária restritiva nos EUA. Embora alguns dados tenham trazido um aumento da aversão ao risco, o último PCE, uma métrica mais utilizada pelo Fed, apresentou alta de 0,3% em fevereiro, abaixo da estimativa de 0,4% do mercado. Assim, variação anual subiu de 2,4% para 2,5%. Caso dados do mercado de trabalho sigam mostrando moderação, temos um cenário mais benigno para redução da taxa de juros do país atualmente no intervalo de 5,50%-5,25%.

Ao que tudo indica, o banco central americano será capaz de alcançar um "pouso suave", isto é, convergir a inflação à meta sem causar uma recessão, sendo esse último o pior cenário para o mercado de commodities, porém com chances bastante baixas no momento. Ademais, revisões otimistas para o PIB, com destaque para o FMI com projeção de 3,2%, e PMIs da manufatura nos EUA e na China acima de 50 (o que indica expansão), animam o mercado com a perspectiva de que haverá mais consumo de matérias primas do que inicialmente esperado.
Figura 3: PMIs de Manufatura em Países Selecionados

Fonte: ISM, Refintiiv

Analisando as commodities energéticas, observamos uma acumulação de riscos de oferta em várias formas. Algumas como dificuldades enfrentadas por navios ao utilizar o Canal de Suez, ataques de drones ucranianos em refinarias russas, estoques baixos nos EUA, resultando em cracks dos derivados do petróleo maiores, além de prêmios mais elevados refletindo as tensões geopolíticas no Oriente Médio. Ao olharmos para as commodities metálicas e de grãos, os estímulos vindos da China são uma boa notícia, principalmente após o país reduzir sua Loan Prime Rate de 5 anos em 25 pontos-base para 3,95%, o que demonstra que Pequim está disposta a usar instrumentos em seu poder para promover um crescimento superior a 5% este ano no país.

Além disso, ao analisarmos o cenário atual, um ativo que tem se beneficiado desse ambiente de maior risco geopolítico e cortes de juros é o ouro, um ativo que também tem função de reserva de valor e acumula alta de aproximadamente 10% em 2024 (+US$194/onça). No entanto, é importante ressaltar que, apesar da redução das taxas de juros ser um fundamento para enfraquecer o dólar, o déficit público dos EUA permitirá a revalorização da moeda americana, por conta dos yields mais altos. Portanto, os eventos atuais tragam alívio às commodities, mas outros fundamentos devem limitar ganhos, como um dólar ainda fortalecido e a lenta recuperação econômica mundial, em especial na Europa.
Figura 4: Principais Benchmarks do Petróleo (US$/bbl)

Fonte: Refinitiv

Em Resumo

Os eventos recentes favorecem uma apreciação das commodities, especialmente com o corte de juros que virá mais cedo ou mais tarde nos Estados Unidos, reduzindo o custo de estocagem e estimulando a demanda.

As revisões altistas para o PIB mundial, assim como a expansão da atividade industrial, também são bons sinais de que o consumo crescerá em 2024. Além disso, ao analisar os ativos do setor energético, os riscos geopolíticos estão favorecendo o petróleo e seus derivados.

No entanto, alguns fatores devem contribuir para limitar os ganhos das commodities, como o elevado déficit público nos EUA, que deverá promover prêmios mais altos para o tesouro americano e dar suporte para uma reapreciação do dólar.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

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