May 6 / Victor Arduin

Relatório Semanal Macroeconomia - 2024 05 06

🠔 Voltar para página principal do blog

O Fed subirá os juros em 2024?

  • O crescimento dos preços persiste em 2024, frustrando as expectativas mais otimistas do mercado que, no final de 2023, previam um possível corte na taxa de juros no primeiro semestre deste ano.
  • A criação de postos de trabalho não-agrícola ficou abaixo das estimativas do mercado no último mês, afastando, momentaneamente, especulações sobre a necessidade do Fed elevar as taxas de juros para conter a inflação.
  • Uma das consequências desse cenário de aversão ao risco crescente é a valorização dos títulos do Tesouro americano, impulsionando o dólar e criando um ambiente baixista para commodities.

Introdução

O otimismo inicial do mercado em relação a cortes na taxa de juros dos EUA no final de 2023 cedeu lugar a uma perspectiva mais cautelosa. Os indicadores econômicos, embora indiquem melhora na inflação, sugerem que a convergência para a meta de 2% será mais gradual do que o previsto anteriormente.

Esse cenário apresenta desafios para os mercados de commodities. A valorização do dólar, impulsionada pelos juros nos Estados Unidos, torna os ativos negociados na moeda americana mais caros. Não só há expectativa de que o custo dos empréstimo permaneçam elevados por mais tempo mas como também a possibilidade de um novo aumento nos juros atualmente no intervalo de 5,25%-5,50%.

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) segue ressaltando que a condução da política monetária está condicionada à convergência dos indicadores econômicos para níveis mais favoráveis. Nesse sentido, vamos discutir nesse relatório alguns dos principais indicadores econômicos do país e sua influência para manutenção dos juros no país.

Figura 1: EUA – Inflação (%)

Fonte: Bureau of Labor Statistics

Figura 2:  EUA – Folhas de Pagamento Não-Agrícolas

Fonte: Bureau of Labor Statistics

Mercado de trabalho ameniza pressões inflacionárias

Por enquanto, dados da semana passada sobre o mercado de trabalho nos EUA trouxeram algum alívio sobre necessidade de novos aumentos de juros em 2024. A criação de vagas de trabalho não-agrícolas ficou em 175 mil contra projeção do mercado de 243 mil. Já a taxa de desemprego teve um leve aumento para 3,9% (+0,1%). Ainda, os ganhos salariais reduziram seu ritmo de expansão de 4,1% para 3,9%.

Por outro lado, apesar da desaceleração, o desempenho econômico no país permanece resiliente, principalmente com os números das vendas no varejo que apresentaram um crescimento robusto em março (+0,7%). Essa resultado, combinada com revisões altistas para o PIB americano, trazem algumas preocupações e contribui para as dificuldades do Fed em conter a inflação e alcançar sua meta de 2%.

Considerando que uma parcela significativa do PIB é composta pelos gastos das famílias, os quais estão diretamente relacionados ao poder de compra dos salários (ganhos reais), torna-se claro que ainda há um cenário de pressão inflacionária que dificultará a superação da "última milha" no combate à inflação nos próximos meses.
Figura 3: EUA – Vendas de Varejo Mensal (%)

Fonte: ISM, Refintiiv

Ainda não há condições para um corte na taxa de juros

A persistência da alta inflação nos Estados Unidos, medida tanto pelo índice CPI quanto pelo PCE, reforça o cenário de aversão ao risco entre os investidores, impulsionando os rendimentos dos títulos do Tesouro Americano e elevando o risco de uma recessão, embora esse risco ainda seja considerado baixo.

A inflação vem superando as expectativas ao longo de 2024, o que diminui significativamente as chances de um corte na taxa de juros. No final de 2023, o mercado discutia a possibilidade de cortes nos juros no primeiro semestre de 2024. Agora, com a persistência da alta inflação, as especulações giram na possibilidade de um novo aumento.

No entanto, o impacto dos juros atuais na desaceleração da economia ficará mais claro à medida que novos dados forem disponibilizados, como os últimos números do mercado de trabalho. É improvável que o Fed intensifique ainda mais a política de juros restritivos, correndo o risco de levar o país à recessão. De acordo com o cenário de "pouso suave" ("soft landing") projetado pelo banco central americano, há espaço para dois cortes de 25 pontos-base na taxa de juros a partir de setembro até o final deste ano.
Figura 4: EUA – Rendimento Títulos (%)

Fonte: Refinitiv

Em Resumo

Figura 5: Índice Geral de Confiança do Consumidor

Fonte: University of Michigan

Figura 2:  EUA – Inflação (PCE)

Fonte: Bureau of Economic Analysis

Saber quando os juros começarão a cair é um indicador importante para o mercado de commodities, pois pode sinalizar uma reversão da valorização do dólar, impactando a demanda e a valorização dos ativos.

Nas últimas semanas vimos uma série de dados acima do esperado em relação à inflação nos Estados Unidos, resultando uma elevação da aversão ao risco e especulações sobre aumento de juros.

A persistência da inflação acima do esperado não invalida a efetividade da política monetária restritiva no combate à inflação. Observa-se uma melhora gradual nos últimos meses, a qual tende a se fortalecer no futuro, à medida que novos dados forem disponibilizados.

No atual cenário, esperamos que o tão aguardado corte de juros nos EUA ocorra a partir de setembro, terminando o ano com a redução de dois cortes de 25 pontos base.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

Aviso legal

Este documento foi preparado pela Hedgepoint Global Markets LLC e suas afiliadas (“HPGM”) exclusivamente com fins informativos e instrucionais, não tendo o propósito de estabelecer obrigações ou compromissos à terceiros, nem a intenção de promover uma oferta, ou solicitação de oferta de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários, futuros, opções, moedas e swap ou produtos de investimento. A Hedgepoint Commodities LLC (“HPC”), uma entidade de propriedade integral do HPGM, é uma Introducing Broker e um membro registrado do National Futures Association. A negociação de futuros, opções, moedas e swap envolve riscos significativos de perdas e pode não ser adequado para todos os investidores. Performance anterior não é necessariamente indicativo de resultados no futuro. Os clientes da Hedgepoint devem confiar em seu próprio julgamento independente e em consultores externos antes de entrar em qualquer transação que seja introduzida pela empresa. A HPGM e seus associados expressamente não se responsabiliza por qualquer uso das informações contidas neste documento que resulte direta ou indiretamente em danos ou prejuízos de qualquer tipo. Em caso de questionamentos não resolvidos por nossa equipe de atendimento ao cliente (client.services@hedgepointglobal.com), contate nosso canal de ombudsman interno (ombudsman@hedgepointglobal.com) ou 0800-878 8408/ouvidoria@hedgepointglobal.com (somente para clientes no Brasil).

Para acessar esse relatório, você precisa ser um assinante.