Se as condições se mostrarem favoráveis, o Real pode apreciar
Se as condições se mostrarem favoráveis, o Real pode apreciar
- Nas últimas semanas, houve uma elevação de incertezas em relação ao Brasil, principalmente nas questões monetárias e fiscais do país, resultando em forte depreciação do Real.
- Alcançar equilíbrio fiscal tem sido um dos principais desafios da economia brasileira, resultando em juros elevados para controlar a inflação. Embora amargo, tem sido um dos instrumentos mais eficazes em garantir a estabilidade dos preços no país.
- Para complicar ainda mais o cenário, durante o primeiro semestre do ano o ambiente externo não favoreceu países emergentes, pois não houve corte de juros nos EUA, o que resultou em um fortalecimento do dólar.
- Contudo, isso pode mudar nos próximos meses à medida que fundamentos para apreciação do Real se concretizem. Será bem-vinda a flexibilização da política monetária americana, mas fundamental o cumprimento do arcabouço fiscal para o dólar voltar para um patamar próximo de R$ 5,15.
Introdução
A taxa de câmbio é um dos indicadores mais sensíveis da econômica de um país emergente. Embora fatores externos moldem a trajetória da valorização, ou desvalorização da moeda de um país, são os pilares domésticos que geralmente definem sua atratividade para o mercado. Estes pilares, sob o controle direto das políticas governamentais, quando bem empregados, ajudam elevar a confiança dos investidores no país.
Diante das crescentes incertezas em relação à política monetária e questionamentos sobre o compromisso fiscal do governo, o Real brasileiro (BRL) se tornou uma das moedas mais desvalorizadas do mundo em 2024. Desde o início do ano, o BRL acumula desvalorização de aproximadamente 11,58%.
No entanto, recentes sinalizações da política econômica e a expectativa de corte de juros nos EUA podem amenizar parcialmente esse cenário, desde que o país mantenha firme o compromisso de estabilizar a trajetória ascendente da dívida pública. Abordaremos em mais detalhes os fundamentos para apreciação do câmbio neste relatório.
Fonte:
Bureau
of
Labor Statistics
Fonte: BEA
Desequilíbrio fiscal é o principal desafio econômico para o país
Fonte: Bacen
Ambiente externo incerto também prejudicou o Real
Com a aproximação do corte de juros nos EUA e caso o Brasil demonstre um claro compromisso com o controle das contas públicas, em especial reformas que reduzam os gastos do Estado, a maior economia da América do Sul poderá vivenciar um período de apreciação da sua moeda.
Fonte: IBGE
Há espaço para apreciação do Real, mas depende do equilíbrio fiscal
Cenário apreciativo: o novo presidente do BACEN reforça a credibilidade frente ao mercado, sinalizando que perseguirá, mesmo com juros mais restritivos, o centro da meta de inflação, enquanto o governo consegue implementar um conjunto de medidas que estabilizem o crescimento do endividamento público.
Cenário depreciativo: a política monetária brasileira se afasta do centro da meta, mesmo que dentro do intervalo de tolerância, e o governo encontra dificuldades em conseguir revisar despesas, levando em conta que parte das revisões dependerá da coordenação com o legislativo.
No primeiro cenário, haverá espaço para o Real se apreciar, chegando em torno de USD/BRL 5,15 antes do final do ano. Por outro lado, no segundo cenário, a moeda brasileira deverá se desvalorizar para níveis similares aos que vimos nas semanas passadas, em torno de USD/BRL 5,65.
Fonte: Refinitiv, Hegepointglobal
Em Resumo
Nossas projeções indicam que há espaço para apreciação da moeda brasileira, mas uma valorização significativa dependerá principalmente do sucesso do Estado brasileiro em alcançar o equilíbrio fiscal.
Relatório Semanal — Macro
Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com
Revisado por Alef Dias
alef.dias@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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