Sep 3 / Victor Arduin

Peso colombiano performa melhor que seus pares: por quê e até quando?

🠔 Voltar para página principal do blog

Peso colombiano performa melhor que seus pares: por quê e até quando?

  • A taxa de inflação da Colômbia atingiu 6,86% em julho, uma das mais altas da região. Em comparação, a inflação do Brasil está em 4,5% contra o ano anterior, e a do México, em 5,57%.
  • Dados recentes mostram que os preços no país sul americano estão convergindo gradualmente para a meta de 3%, graças à política monetária restritiva implementada desde o final de 2021.
  • Embora as tendências monetárias sejam positivas, a situação fiscal da Colômbia é preocupante. O mercado está atendo ao crescimento do déficit fiscal, um reflexo das menores receitas e aumento de gasto.
  • Nosso modelo de valor justo mostra que o peso colombiano está valorizado em comparação com seus pares. Contudo, a moeda pode sofrer uma desvalorização mais acentuada devido aos desafios fiscais e aos preços mais baixos das commodities no restante de 2024.

Introdução

As moedas latino-americanas desvalorizaram significativamente nas últimas semanas devido a uma combinação de fatores, incluindo as flutuações dos preços das commodities e instabilidade política. Diferentemente do ano passado, o México e o Brasil, que anteriormente tiveram um bom desempenho em relação a outros países emergentes, agora estão enfrentando forte depreciação cambial em 2024. Enquanto o México enfrenta desafios com reformas que podem afetar a confiança no país, no Brasil, as atenções se voltam para a situação das contas públicas.

Nesse contexto, a Colômbia teve um desempenho superior ao de seus pares regionais. Apesar de ter uma das taxas de inflação mais altas da região e de enfrentar desafios macroeconômicos, sua moeda sofreu uma desvalorização de apenas -2,05% em relação ao ano anterior, enquanto outras moedas, como as do Brasil (-12,86%), México (-15,13%) e Chile (-6,87%), sofreram quedas mais significativas.

Entrando mais a fundo no mercado de moedas de países emergentes, exploraremos as perspectivas para o peso colombiano.


Figura 1: Colômbia - Inflação e taxa de juros (%)

Fonte: Refinitiv

Figura 2:  Colômbia - Inflação Mensal (%)

Fonte: Refinitiv

A Colômbia tem uma das maiores inflações da região

A taxa de inflação da Colômbia é uma das mais altas da região, tendo atingido 6,86% em julho. Em comparação, o Brasil registrou um aumento de preços de 4,5% em relação ao ano anterior, enquanto o México está em 5,57%. No entanto, dados recentes indicam que os preços no país sul-americano estão gradualmente convergindo para a meta de 3%, resultado da política monetária restritiva que está em vigor desde o final de 2021.

Um possível corte na taxa de juros pelo Federal Reserve em setembro poderia ampliar o diferencial da taxa de juros entre a Colômbia e os EUA, potencialmente fortalecendo o peso colombiano no curto prazo. Essa valorização poderia ajudar a atenuar as pressões inflacionárias na economia. Além disso, o enfraquecimento do dólar pode favorecer as moedas de países emergentes, bem como as de nações exportadoras de commodities, como a Colômbia.

Embora as tendências monetárias tenham fornecido sinais positivos ás autoridades, a situação fiscal apresenta um quadro diferente. Assim como em outros países da região, o mercado expressou preocupação com a estrutura fiscal, principalmente devido às receitas menores do que o esperado e pressões por mais gastos no orçamento.
Figura 3: Déficit ou superávit do governo nacional central da Colômbia (bilhões de pesos)

Fonte: Refinitiv

Apesar do desafio da consolidação fiscal, o peso colombiano tem um bom desempenho em 2024

Apesar dos significativos desafios fiscais, a moeda colombiana teve um desempenho melhor do que alguns de seus pares em 2024. Nossa análise econométrica, ao decompor a volatilidade das moedas de países emergentes e países exportadores de commodities, nos permitiu estimar um valor justo para o peso colombiano. Ao comparar o valor atual da moeda com esses valores justos estimados, constatamos que o peso colombiano está valorizado em relação aos fundamentos observados em outros países.

Entretanto, é importante observar que a recente depreciação da moeda, impulsionada principalmente pelas políticas fiscais expansionistas do governo, pode exercer pressão adicional sobre a taxa de câmbio no segundo semestre de 2024, mesmo em um contexto de política monetária menos restritiva nos Estados Unidos e na Europa.

Nesse caso, os fundamentos da política monetária podem sustentar a moeda no curto prazo. Entretanto, a trajetória da dívida pública e o alto déficit fiscal aumentarão gradualmente as incertezas do mercado, levando a pressões depreciativas sobre a moeda.

Figura 4: Modelo de Par para Peso Colombiano

Fonte:Hedgepoint, Refinitiv

Dados da balança comercial também levantam preocupações

Figura 5: Produção de Petróleo na Colômbia (Milhões de Barris por Dia)

Fonte: Bloomberg

A Colômbia enfrenta desafios além dos fiscais que podem afetar o desempenho do peso colombiano. Sua balança comercial tem estado sob pressão devido à queda dos preços das commodities. Como resultado, é provável que o país tenha uma entrada menor de dólares.

O petróleo é uma das principais commodities exportadas pelo país. Entretanto, a produção doméstica vem caindo nos últimos anos. O aumento dos preços, impulsionado pela guerra na Ucrânia, atenuou esse impacto, mas a recente queda nos preços do petróleo pode gerar preocupações no mercado.

O país pretende aumentar sua produção de petróleo para 1 milhão de barris por dia. No entanto, impostos mais altos, juntamente com políticas públicas que promovem a transição energética, desestimularam os investimentos no setor de petróleo upstream tornando mais difícil alcançar esse objetivo.

Em Resumo

Embora países latino-americanos como o México e o Brasil enfrentem uma desvalorização mais acentuada de suas moedas em 2024, o peso colombiano teve um desempenho melhor.

Isso não significa que os fundamentos domésticos estejam isentos de preocupações. A situação fiscal do país continua complexa, e a queda nos preços das commodities, principalmente do petróleo, pode representar desafios adicionais.

Os cortes nas taxas de juros americana pode proporcionar alívio às autoridades monetárias de vários países, incluindo a Colômbia, na qual o diferencial da taxa de juros provavelmente fortalecerá o peso colombiano e ajudará a reduzir a inflação.

Contudo, esses ganhos podem ser superados pelos fatores domésticos que trazem preocupação e podem reduzir a entrada de dólares no país.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Victor Arduin
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Livea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

Aviso legal

Este documento foi preparado pela Hedgepoint Global Markets LLC e suas afiliadas (“HPGM”) exclusivamente com fins informativos e instrucionais, não tendo o propósito de estabelecer obrigações ou compromissos à terceiros, nem a intenção de promover uma oferta, ou solicitação de oferta de compra ou venda de quaisquer valores mobiliários, futuros, opções, moedas e swap ou produtos de investimento. A Hedgepoint Commodities LLC (“HPC”), uma entidade de propriedade integral do HPGM, é uma Introducing Broker e um membro registrado do National Futures Association. A negociação de futuros, opções, moedas e swap envolve riscos significativos de perdas e pode não ser adequado para todos os investidores. Performance anterior não é necessariamente indicativo de resultados no futuro. Os clientes da Hedgepoint devem confiar em seu próprio julgamento independente e em consultores externos antes de entrar em qualquer transação que seja introduzida pela empresa. A HPGM e seus associados expressamente não se responsabiliza por qualquer uso das informações contidas neste documento que resulte direta ou indiretamente em danos ou prejuízos de qualquer tipo. Em caso de questionamentos não resolvidos por nossa equipe de atendimento ao cliente (client.services@hedgepointglobal.com), contate nosso canal de ombudsman interno (ombudsman@hedgepointglobal.com) ou 0800-878 8408/ouvidoria@hedgepointglobal.com (somente para clientes no Brasil).

Para acessar esse relatório, você precisa ser um assinante.