Dec 20 / Victor Arduin

Decisão do Fed reforça cenário de cautela para commodities em 2025

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Decisão do Fed reforça cenário de cautela para commodities em 2025

  • Ao longo de 2024, a inflação americana cedeu o suficiente para que o Fed iniciasse a flexibilização de sua política monetária, com o primeiro corte de 50 pontos-base ocorrendo em setembro, seguido por mais dois cortes de 25 pontos-base em novembro e dezembro.
  • No entanto, em seu último comunicado, o menor progresso na dinâmica de redução de preços nos EUA e a percepção de um cenário mais incerto para 2025, devido a políticas comerciais protecionistas, levaram o Fed a adotar um comunicado mais hawkish em sua última reunião sinalizando um cenário de juros elevados para 2025.
  • Dada a influência do dólar na economia global, o relatório de hoje abordará alguns fundamentos que preocupam as autoridades monetárias americanas e apresentará perspectivas para os próximos meses.

Introdução

O banco central americano, diferentemente de outros países, possui um mandato duplo: buscar simultaneamente a meta de inflação e o pleno emprego. Após um período com as taxas de juros mais altas dos últimos 20 anos, uma das preocupações das autoridades monetárias é o impacto no mercado de trabalho, que, até o momento, tem se mostrado bastante resiliente. Apesar de, nos últimos meses, alguns indicadores do mercado de trabalho terem dado sinais de desaquecimento, a taxa de desemprego, em 4,2%, permanece abaixo dos níveis observados na maior parte da década passada.

Uma nova gestão Trump a partir de 2025, com políticas de estímulo à atividade econômica nos EUA e aplicação de tarifas contra países como China e México, pode resultar em um ambiente de inflação sustentada no proximo ano. Por conta disso, o mercado tem precificado a manutenção de juros altos por mais tempo para 2025, o que tem dado suporte ao dólar, com DXY superando a marca dos 108 pontos essa semana. Outro fator importante presente no mercado é uma possível piora no déficit fiscal americano, caso se confirmem cortes de impostos no país, o que exigiria do Tesouro americano o pagamento de prêmios (yields) maiores para atrair investidores.

Mercado de trabalho aquecido no país ainda traz preocupações

O banco central americano, diferentemente de outros países, possui um mandato duplo: buscar simultaneamente a meta de inflação e o pleno emprego. Após um período com as taxas de juros mais altas dos últimos 20 anos, uma das preocupações das autoridades monetárias é o impacto no mercado de trabalho, que, até o momento, tem se mostrado bastante resiliente. Apesar de, nos últimos meses, alguns indicadores do mercado de trabalho terem dado sinais de desaquecimento, a taxa de desemprego, em 4,2%, permanece abaixo dos níveis observados na maior parte da década passada.

Uma nova gestão Trump a partir de 2025, com políticas de estímulo à atividade econômica nos EUA e aplicação de tarifas contra países como China e México, pode resultar em um ambiente de inflação sustentada no proximo ano. Por conta disso, o mercado tem precificado a manutenção de juros altos por mais tempo para 2025, o que tem dado suporte ao dólar, com DXY superando a marca dos 108 pontos essa semana. Outro fator importante presente no mercado é uma possível piora no déficit fiscal americano, caso se confirmem cortes de impostos no país, o que exigiria do Tesouro americano o pagamento de prêmios (yields) maiores para atrair investidores.
Figura 1: Dollar Index (DXY)

Fonte: Refinitiv

Atual cenário traz adversidades para o mercado de commodities em 2025

O dólar é a principal moeda de referência para as commodities no mundo. Quando valorizado, tende a encarecer produtos para países cujas moedas estão desvalorizadas em relação à divisa americana. Esse movimento impacta diretamente o comércio global, especialmente em um cenário de tarifas mais elevadas nos EUA, que pode dificultar as trocas internacionais e desacelerar a economia mundial.

As commodities energéticas, por exemplo, estão entre as mais sensíveis a esses fatores devido à sua forte correlação com o cenário macroeconômico. Embora fundamentos específicos do mercado energético apontem para cautela – como a redução nas importações chinesas em 2024 e a expectativa de maior oferta de países não membros da OPEP – as incertezas sobre a trajetória dos juros americanos adicionam um componente adicional de baixista, reforçando o sentimento baixista nos preços.

Para países emergentes, o cenário torna-se ainda mais desafiador. Muitas moedas ao redor do mundo estão enfrentando uma desvalorização acentuada, o que pode intensificar a inflação e pressionar os bancos centrais a aumentarem suas taxas de juros. No Brasil, por exemplo, a taxa básica de juros foi recentemente elevada em 1 ponto-base, atingindo 12,25%. Além disso, o Banco Central sinalizou mais duas altas de mesma magnitude no primeiro trimestre de 2025.

Essas dinâmicas globais e regionais ilustram os desafios que se avizinham para os mercados e economias no próximo ano. O equilíbrio entre políticas monetárias restritivas, volatilidade cambial e a recuperação econômica global será crucial para determinar o ritmo de crescimento e a estabilidade dos mercados de commodities.
Figura 2: EUA - Rendimentos do Tesouro Americano (%)

Fonte: Bloomberg

Em Resumo

Os dados de desemprego historicamente baixos e a inflação acima da meta (2.7% contra 2%) sugerem uma pressão inflacionária de médio prazo, forçando o Fed a equilibrar cortes de juros com a contenção da inflação. A expectativa em torno do governo de Donald Trump pode tornar uma guerra de tarifas mais realista, pressionando os preços.

No curto prazo, o corte de juros nos EUA impacta minimamente o Brasil, mas pode pressionar o real devido ao fluxo maior de recursos para os EUA. Globalmente, os EUA têm uma perspectiva mais sólida em comparação com a Europa, América Latina e Ásia, fazendo com que a pressão do USD frente a moedas globais seja uma tendência de longo prazo.

Relatório Semanal — Macro

Escrito por Guilhermo Marques
victor.arduin@hedgepointglobal.com

Revisado por Livea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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