Jan 9 / Ignacio Espinola

Atualização climática e atividade de fundos

• Falta de chuvas traz preocupações para safra Argentina
• Safra brasileira de soja deve ser recorde; colheita prestes a começar
• USDA de janeiro não deve trazer grandes mudanças para a soja

Situação climática na Argentina começa a gerar preocupações no mercado

Embora em novembro tenhamos registrado chuvas 30% acima dos valores normais, em dezembro a situação mudou, com apenas 80% de chuvas em relação aos valores históricos.

Nas últimas semanas, a Argentina tem sofrido com o clima seco e com poucas chuvas, o que gera preocupações quanto à possível redução das produtividades. Se isso se confirmar, poderemos estar diante da sexta temporada consecutiva de baixas produtividades para a Argentina, sendo 2023 o pior exemplo.

Ainda em janeiro, as previsões meteorológicas sugerem que a situação pode permanecer inalterada ou piorar ainda mais devido à falta de chuvas por pelo menos mais duas semanas. Se isso acontecer, poderemos terminar este mês com apenas 35% de chuvas em relação aos níveis normais, o que poderá afetar as perspectivas de safra. Em teoria, deveríamos ter um fevereiro favorável em termos de chuvas, o que poderia salvar as safras de soja e milho de um janeiro ruim, supondo que a safra possa resistir a esse clima atual.

Por enquanto, o que podemos mencionar é que a safra de soja plantada está em boas condições, com 53% da safra classificada como boa/excelente e apenas 4% em condições ruins, o que representa o dobro em relação ao ano anterior, com 2%, mas abaixo dos números de dois dígitos que vimos há três anos.

Precipitação – 1-14 dias (pol./dia)

Fonte: NOAA, Hedgepoint

Temperatura – 1-14 dias (°F)

Fonte: NOAA, Hedgepoint

Safra recorde deve ser confirmada no Brasil, mas clima no Rio Grande do Sul preocupa

Os trabalhos de colheita da nova safra brasileira de soja estão prestes a começar no país. Algumas lavouras semeadas mais precocemente no Paraná devem ser as primeiras a serem colhidas, com os trabalhos começando ainda na primeira quinzena de janeiro. Destacamos que os primeiros resultados relacionados à produtividade das lavouras paranaenses podem vir um pouco aquém do potencial produtivo das plantas devido à ausência de chuvas em período iniciais da semeadura no Estado. De qualquer forma, esperamos que os resultados melhorem a partir do momento em que os trabalhos avançarem mais, trazendo uma produtividade bastante elevada para a safra do Paraná, que deve continuar como o segundo maior Estado produtor de soja do Brasil.

Com relação aos demais Estados, pelo menos até o final de janeiro não devemos ver os trabalhos de colheita iniciados de forma ampla, visto que os atrasos registrados no plantio devem trazer também atrasos iniciais para a colheita, especialmente no Mato Grosso. Apesar disso, a partir do momento que os trabalhos ganharem força, devem avançar de forma acelerada, principalmente nos campos onde as lavouras foram semeadas a partir de outubro. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, devemos ver a colheita ganhando força a partir da segunda quinzena de fevereiro. Já às regiões Norte e Nordeste devem começar os trabalhos de colheita nos últimos dias de fevereiro. Destacamos que até o momento não existem problemas relevantes nas lavouras dos principais estados produtores do país, o que nos leva ainda a estimar uma colheita cheia e recorde, com grandes produtividades esperadas principalmente para as regiões Centro-Oeste e Sudeste.

Com relação ao Rio Grande do Sul, começam a existir preocupações com relação ao clima para o desenvolvimento das lavouras gaúchas, visto que o mês de janeiro começou com pouca umidade e que tal quadro pode continuar até o final do mês. Lembramos que o Rio Grande do Sul é um dos últimos Estados a plantar no país. Dessa forma, o clima ainda precisa ser favorável para as lavouras que se encontram em estágio inicial ou intermediário de desenvolvimento. Por enquanto, entendemos ser um pouco cedo para falarmos em redução do potencial produtivo das lavouras gaúchas, mas se as chuvas demorarem a voltar e não voltarem a ser regulares, principalmente em fevereiro, perdas podem ocorrer.

De qualquer forma, a tendência continua sendo de uma safra cheia e recorde no Brasil, que pode superar a marca de 170 milhões de toneladas pela primeira vez na história. Mas, atenção ao clima nos próximos 60 dias no Rio Grande do Sul.

USDA de janeiro deve trazer poucas alterações para a soja

O relatório mensal de oferta e demanda de janeiro do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado nesta sexta-feira (10), não deve trazer alterações relevantes para os principais números de soja, apesar de cortes esperados para produção e estoques norte-americanos.

Apesar de no momento haver algumas preocupações relacionadas ao clima na Argentina e no Sul do Brasil, o mercado, por enquanto, não espera por cortes nos números de produção desses países. De qualquer forma, é importante termos uma atenção especial a esses números.

No lado dos EUA, é possível vermos alguns ajustes nos números de produção e estoques finais, com o USDA trazendo ajustes finos que podem não trazer impactos importantes para o mercado. Mesmo assim, surpresas não podem ser descartadas.

Analistas internacionais projetam estoques norte-americanos de 454 milhões de bushels (12,36 milhões de toneladas) para 2024/25, uma redução em relação à previsão de 470 milhões de bushels (12,79 milhões de toneladas) feita pelo USDA em dezembro.
Para a safra dos EUA, o USDA deve ajustar a estimativa de 4,461 bilhões de bushels (121,41 milhões de toneladas) para 4,451 bilhões de bushels (121,14 milhões de toneladas), conforme expectativas do mercado.

No cenário global de oferta e demanda de soja, o mercado prevê estoques finais de 132 milhões de toneladas para 2024/25, ligeiramente acima dos 131,9 milhões estimados em dezembro.

O momento ainda é de mercado climático sul-americano e de consolidação das produções de Brasil e Argentina. Se o clima não melhorar, especialmente na Argentina, é possível vermos ajustes mais importantes nos números sul-americanos no relatório de fevereiro. Mas, da mesma forma não podemos descartar surpresas neste relatório de janeiro.

Atividade dos Fundos

No último mês de dezembro, os fundos aumentaram suas posições compradas em milho, atingindo um nível próximo à posição média de cinco anos. No lado do complexo soja, eles reduziram suas posições vendidas em soja e farelo de soja, enquanto aumentaram suas posições vendidas em óleo de soja.

Evolução dos preços entre os dois últimos relatórios COT:

Fonte: Reuters

Complexo Soja – Não Comerciais (espec.) – posições líquidas

Fonte: CFTC

Milho – Não Comerciais (espec.) – posições líquidas

Fonte: CFTC

Escrito por Ignacio Espinola and Luiz Fernando Roque
ignacio.espinola@hedgepointglobal.com
luiz.roque@hedgepointglobal.com


Revisado por Ignacio Espinola and Luiz Fernando Roque
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