Mar 24 / Lívea Coda

Tendências do mercado do açúcar

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"As constantes baixas na produção de açúcar da Índia e da Tailândia impulsionaram o mercado, ajudando o contrato de maio a atingir 20 c/lb. Os estoques disponíveis limitados no Centro-Sul do Brasil e os elevados prêmios do físico apoiam ainda mais os preços a curto prazo. A redução da produção da Índia para 29Mt levanta alerta sobre uma possível tendência altista no longo prazo, enquanto a maior produção da China e a arbitragem de importação fechada afetam a demanda no curto prazo. O mercado aguarda a nova temporada do Centro-Sul e potenciais correções de preços a médio prazo."

Tendências do mercado do açúcar

  • As constantes revisões para baixo da produção de açúcar da Índia e da Tailândia fizeram o mercado subir, ajudando o contrato de maio a atingir 20 c/lb.

  • Os limitados estoques disponíveis no Centro-Sul do Brasil apoiam ainda mais os elevados prêmios do físico e os preços a curto prazo.

  • Continuamos otimistas em relação à colheita Centro-Sul 25/26, uma vez que as condições de desenvolvimento foram melhores do que as observadas para 24/25 - que já está perto de atingir 620Mt.

  • A redução da produção da Índia para 29Mt levanta alertas altistas para o longo prazo, com potencial suporte para os contratos de Out/25 e Mar/26.

  • A maior produção da China e a arbitragem de importação fechada afetam a procura, com potenciais compras desencadeadas se os preços caírem abaixo de 18c/lb.

As constantes revisões para baixo na produção de açúcar da Índia e da Tailândia impulsionaram o mercado, ajudando o contrato de maio a finalmente atingir 20 c/lb na quinta-feira (20). Além disso, a noção de estoques limitados disponíveis no Centro-Sul brasileiro contribui para o já esperado suporte de preços a curto prazo. Os prêmios do físico estão altos, ultrapassando 50 pontos em Santos para abril e chegando a mais de 130 pontos para a Tailândia (Hi-Pol).

Figura 1: Preços do açúcar bruto (c/lb)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Do lado da alta, o mercado tem sido inundado com a ideia de que a safra 25/26 do Centro-Sul não atingirá os mesmos níveis da 24/25, uma noção sobre a qual continuamos céticos. Como discutido no nosso relatório anterior (link), a precipitação foi melhor, e outros índices como a umidade do solo e o NDVI também permanecem mais elevados do que durante a fase de desenvolvimento da safra 24/25. Assim, como nos aproximamos do resultado de 620Mt na safra corrente, dada as melhores condições de desenvolvimento, podemos esperar mais matéria-prima em 25/26. Isso não significa que não esperamos que os preços reajam no curto prazo. Como mencionado anteriormente, o Brasil tem pouca disponibilidade até que a nova temporada ganhe ritmo, o que possivelmente ocorrerá com alguns atrasos. Até lá, a oferta restrita do país e a piora nas perspectivas de produção da Índia e da Tailândia, com alguns rumores de uma possível proibição de exportação da primeira, devem sustentar os preços.

Figura 2: Umidade do solo média no Centro Sul (mm na faixa de 0-1,6 m)

Fonte: Refinitiv, Hedgepoint

Em relação à Índia, vale ressaltar que, embora dezembro e janeiro tenham apresentado resultados bastante saudáveis, fevereiro trouxe maiores preocupações quanto à disponibilidade no país. Inicialmente, estávamos resistentes em rebaixar nossos números, mas dados os resultados recentes, revisamos a produção de açúcar para 29Mt, considerando 3,5Mt de desvio de etanol. Isso significa que pelo menos 600kt serão consumidas dos estoques do país para abastecer o mercado interno, além das 1Mt aprovadas para exportação. Estimativas de mercado apontam que cerca de 700kt deste volume já foram contratados, sendo 300kt exportados entre janeiro e fevereiro.

Assim, em termos de fluxos comerciais, a menos que o governo decida de outra forma, será difícil ver quaisquer alterações provenientes do país. Por conseguinte, a revisão da produção diz mais respeito a próxima safra, 25/26. Se as monções evoluírem positivamente para o crescimento da cana, o que é crucial para que o mercado evite uma onda de alta, o fato de parte do estoque ter sido consumido pode levar o governo a demorar algum tempo antes de autorizar qualquer exportação de açúcar.

Curiosamente, apesar das estimativas de produção mais baixas, a ISMA ainda relata níveis de estoques saudáveis. Isto é um pouco intrigante e é uma das razões pelas quais limitamos a nossa revisão a 29Mt.

Figura 3: Balanço de açúcar - Índia (Mt Out-Set)

Fonte: ISMA, AISTA, ChiniMandi, NFCSF, Hedgepoint

A situação da produção da Índia é, portanto, um sinal de alta para o longo prazo, possivelmente adicionando um pouco mais de apoio ao contrato de out/25, mas mais importante, para mar/26. O primeiro, Out/25, ainda deve ser altamente influenciado pela produção brasileira de 25/26.

Do outro lado da equação, a procura parece completamente desperta, aumentando os prêmios do físico e apoiando os preços. A China, por exemplo, pode ter encontrado alguma oportunidade de compra no início de março, mas com a recente recuperação dos preços, a sua arbitragem de importação voltou a se fechar, tornando o país menos inclinado a participar do mercado internacional.

A principal razão é a sua maior produção; a China produziu 22% a mais até o final de fevereiro, atingindo 9,72Mt. Enquanto isso, o país importou 50% a menos, com apenas 1,5Mt de açúcar. Espera-se que o ritmo de importação aumente quando a nova temporada do Centro-Sul começar e os preços se corrigirem um pouco. No entanto, considerando a paridade, a compra seria desencadeada de forma mais abrupta se os preços caíssem abaixo de 18c/lb.

Figura 4: Arbitragem de importação histórica estimada da China (USD/t)

Fonte: Bloomberg, Refinitiv, Hedgepoint

Em resumo

As constantes baixas na produção de açúcar da Índia e da Tailândia impulsionaram o mercado, ajudando o contrato de maio a atingir 20 c/lb. Os estoques disponíveis limitados no Centro-Sul do Brasil e os elevados prêmios do físico apoiam ainda mais os preços a curto prazo. A redução da produção da Índia para 29Mt levanta alerta sobre uma possível tendência altista no longo prazo, enquanto a maior produção da China e a arbitragem de importação fechada afetam a demanda no curto prazo. O mercado aguarda a nova temporada do Centro-Sul e potenciais correcções de preços a médio prazo.

Relatório Semanal — Açúcar

Escrito por: Lívea Coda

livea.coda@hedgepointglobal.com

Revisado por: Carolina França

carolina.franca@hedgepointglobal.com

www.hedgepointglobal.com

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