
Sem sinais de melhora na oferta, futuros do arábica atingem novo recorde
- O contrato março/25 do Arábica ultrapassou a marca dos 370 c/lb em Nova Iorque esta semana, à medida que as preocupações com a oferta se intensificam, enquanto há sinais de que alguns dos principais torrefadores estão sem cobertura no curto prazo. A alta do Arábica também apoiou os preços do Robusta, com os contratos de março e maio/25 sendo negociados acima de USD 5.700/mt.
- A primeira estimativa da Conab para a safra brasileira 25/26, divulgada na terça-feira, reforçou a menor disponibilidade de Arábica na próxima temporada. Nossos modelos também mostram uma ligeira diminuição na disponibilidade da variedade, mas com a recuperação esperada do lado do Conilon, ainda podemos ver uma safra semelhante ao ciclo 24/25, com um total de cerca de 64 milhões de sacas.
- Por outro lado, espera-se que os estoques iniciais estejam em seus níveis mais baixos, enquanto os produtores brasileiros provavelmente segurarão seus grãos remanescentes no primeiro semestre de 2025, aumentando as preocupações com a disponibilidade, apoiando os preços e ampliando os diferenciais brasileiros.
- Este cenário no Brasil e os estoques globais de café mais baixos também estão levando produtores de outras origens, como Vietnã, América Central, Colômbia e Índia, a segurarem sua mercadoria, aumentando a pressão sobre o mercado.
Sem sinais de melhora na oferta, futuros do arábica atingem novo recorde
Os preços do café continuaram sua alta nesta semana, com o contrato Março/25 do Arábica ultrapassando a barreira dos 370 c/lb na quinta-feira. Na sexta-feira, os contratos chegaram a atingir a marca dos 380 c/lb, mas terminaram em 377,9 c/lb, estabelecendo um novo recorde para a variedade. Os preços do Arábica já subiram mais de 15% no primeiro mês de 2025. Os futuros do Robusta também passaram a marca dos 5.700 USD/mt, ultrapassando os níveis registados a 24 de novembro, com a intensificação das preocupações com a oferta.
Apesar da melhoria do clima no Brasil desde outubro do ano passado, existe um consenso no mercado de que a safra brasileira de 25/26 registará um declínio na produção de Arábica e que a oferta será limitada no primeiro semestre de 2025. Os estoques certificados da ICE também caíram esta semana, particularmente no caso do Arábica, e permaneceram abaixo da média. Além disso, dados recentes mostram que algumas dos principais torrefadores precisarão adquirir café no curto prazo, enquanto os fundos especulativos continuam altistas, mantendo posições longas e aumentando os temores de escassez no mercado.
A primeira estimativa da Conab para a safra 25/26, publicada na terça-feira, 28, também aumentou a pressão. Segundo a companhia, enquanto a produção de conilon deve aumentar para 17,13 M de sacas (+17,9%), a produção de arábica cairá para 34,68 M de sacas (-12,4%), resultando em uma safra total de 51,81 M de sacas, 4,4% abaixo da de 24,25. Embora os números da Conab sejam geralmente mais baixos que os do mercado, a queda exacerbou os temores quanto à oferta.

Fonte: Conab

Fonte: Conab
Por outro lado, nosso modelo, embora indique um declínio no Arábica, ainda sugere uma produção semelhante à de 24/25. Levando em conta a atual área em produção, as temperaturas médias e a precipitação acumulada até janeiro, poderíamos ver uma queda de 4,9% na produção de Arábica em 25/26, para 41,1 M de sacas, mas uma recuperação de 14,3% na de Conilon, para 23 M de sacas, levando a uma safra total de 64,1 M de sacas neste próximo ciclo (+1%). No entanto, devemos salientar que os estoques iniciais deverão estar no nível mais baixo dos últimos anos e poderão limitar as exportações em 25/26, pelo menos no lado do Arábica, apoiando os preços.

Fonte: Hedgepoint

Fonte: Hedgepoint
Neste sentido, é importante destacar os números de comercialização da safra brasileira da semana passada: As vendas de Arábica da safra 24/25 já estão em 82%, enquanto o Conilon está em 91%, ambos acima da safra anterior e da média. Os agricultores brasileiros estão de fato capitalizados e mostram pouco interesse em novas vendas, mesmo com diferenciais elevados - o arábica brasileiro bica fina está mais cara do que a maioria dos cafés lavados da América Central.
Este quadro também está levando os agricultores de outras origens, como o Vietnã, a América Central, a Colômbia e a Índia, segurando as vendas na expetativa de novas altas, aumentando a pressão sobre o mercado. No caso do Vietnã, vale a pena notar que as vendas também são afetadas pelo feriado do Ano Novo Lunar.
Embora haja um aumento dos receios de que os atuais níveis de preços possam afetar a demanda, ainda não se observa um enfraquecimento. No entanto, esperamos algumas mudanças nos próximos meses, com um provável aumento da utilização de robusta este ano, uma vez que os níveis de arbitragem estão aumentando novamente (ver análise anterior).
No Brasil, com o spread atual dos preços do arábica e do conilon, espera-se também uma diminuição da utilização do arábica no mix doméstico, levando a um aumento da procura de conilon no próximo ciclo.

Fonte: Refintiv Hedgepoint

Fonte: Refintiv, Hedgepoint
Em resumo
Os futuros do café continuaram em alta esta semana, atingindo um novo recorde. Os atuais fundamentos apontam para uma oferta mais restrita nos próximos meses: a comercialização da safra 24/25 no Brasil esta acima da média, o que sugere uma baixa disponibilidade; os estoques certificados estão também abaixo da média; e prevê-se que a safra brasileira de Arábica 25/26 diminua. Os cafeicultores de outras origens também estão mostrando pouco apetite por novas vendas, enquanto dados recentes sugerem que a demanda não enfraqueceu até o momento e que os torrefadores provavelmente precisarão comprar café nos próximos meses.
Isso sugere um cenário favorável para os preços, pelo menos até que a safra 25/26 seja colhida no Brasil. Os futuros do Arábica já atingiram o nível de 370 c/lb esta semana e, dados os fundamentos, poderão testar níveis mais altos, se aproximando dos 400 c/lb. Por outro lado, enquanto os futuros do robusta também estão subindo, a arbitragem entre os dois continua se alargando o que poderia levar a uma queda na demanda de arábica, favorecendo o robusta.
Relatório Semanal — Café
Escrito por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
Revisado por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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