Oct 14 / Laleska Moda

Exportações brasileiras seguem em alta, enquanto a oferta na Ásia permanece restrita

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  • O Brasil exportou 4,4 M de sacas de café em setembro, um novo recorde para o mês. Com relação ao café verde, as exportações de arábica aumentaram para 3,2 M de sacas, enquanto as de conilon atingiram 912 mil sacas, ambas acima dos níveis de 2023 e histórico para o período.

  • Os números acumulados para a temporada 24/25 também mostram um aumento substancial em relação aos ciclos anteriores, especialmente para o conilon, dada a queda nas exportações do Vietnã nos últimos meses. Isso também dá suporte à expectativa de um recorde de exportação em 24/25.

  • Os embarques, no entanto, podem ser afetados pela possibilidade de adiamento da EUDR - dado o crescimento substancial das importações da UE nos últimos meses - e pelo início da colheita no Vietnã, que aumentaria a oferta no curto prazo.

  •   Por outro lado, o médio e o longo prazo ainda são favoráveis às exportações do Brasil, dada a diminuição substancial das exportações do Vietnã em 23/24 e as expectativas de redução da produção no país asiático em 24/25.

Exportações brasileiras seguem em alta, enquanto a oferta na Ásia permanece restrita

As exportações de café do Brasil continuam a bater novos recordes: o volume total de setembro é um novo marco para o mês, com 4,4 M de sacas, representando um aumento de 33,3% em relação às 3,3 M de sacas embarcadas em set/2023. Houve um aumento significativo no volume de café arábica verde que, após uma ligeira queda em agosto, alcançou 3,19 M de sacas, 31,9% ou 773 mil sacas a mais que há um ano. Embora as exportações do conilon/robusta tenham diminuído em relação aos números de agosto, em comparação com set/23 ainda houve um aumento de 40,9% (ou 264 mil sacas), para 912 mil sacas, o que coloca os embarques dessa variedade muito acima dos níveis médios históricos.

Os números acumulados também destacam essa tendência. Para a temporada 24/25 (abr/24-set/24), as exportações de arábica alcançaram 17,5 M de sacas, um aumento de 26,5% (+3,5 M de sacas) em relação ao mesmo período de 23/24, enquanto o acumulado de robusta foi de 5,1 M de sacas, um crescimento de 2,8 M de sacas (ou 120,8%). Esses volumes também são os maiores já registrados nos dados do Cecafé para esse período para ambas as variedades, indicando que 24/25 pode terminar com um novo recorde de exportações. Esse cenário é esperado dado que outras origens estão com níveis mais baixos de produção em 24/25, especialmente o Vietnã, com o Brasil aumentando sua participação e importância no mercado como o maior fornecedor de café do mundo.


Brasil - Exportações de Arábica (M sacas)
Brasil - Exportações de Conilon/ Robusta (‘000 sacas)

Fonte: Cecafé

Fonte: Cecafé

Entretanto, há alguns riscos que podem afetar os embarques nos próximos meses. Em primeiro lugar, a possibilidade de um atraso na implementação da EUDR pode reduzir a pressão de compra da Europa no curto prazo, conforme discutimos em nosso relatório anterior (link). Esse é um ponto importante, pois, ao analisar os números acumulados de 2024 por destino, fica claro que a UE aumentou significativamente sua participação nas importações do grão brasileiro. As importações de arábica do bloco aumentaram em quase 3 M de sacas em relação aos níveis médios (+31,8%), enquanto as importações de conilon aumentaram em quase 2 M de sacas (+320,2%), refletindo principalmente a queda no Sudeste Asiático.

Esse aumento nas importações do Brasil tem ajudado a recompor os estoques da UE e, com um possível atraso no EUDR, os exportadores e empresas europeus podem reduzir as importações do Brasil no curto prazo. Do ponto de vista logístico, embora pareça haver alguma melhora nos portos brasileiros, ainda poderemos enfrentar atrasos nos embarques nos próximos meses, o que também poderá afetar as exportações de café.


Brasil – Exportações de Arábica por País/Região (sacas)
Brasil – Exportações de Conilon/Robusta por país/região (sacas)

Fonte: Cecafé

Fonte: Cecafé

Por outro lado, a oferta na Ásia pode aumentar até o final do ano. Apesar de alguns atrasos esperados devido ao alto índice pluviométrico, a colheita da safra 24/25 no Vietnã deve começar nas próximas semanas, podendo elevar a oferta de robusta no mercado no curto prazo, pressionando os preços para baixo e reduzindo a demanda pelo grão brasileiro nos próximos meses.

A médio e longo prazo, no entanto, espera-se que as exportações brasileiras de conilon permaneçam acima da média, já que a safra vietnamita de 24/25 deverá ser menor. Embora as chuvas tenham sido favoráveis desde julho, o sentimento geral do mercado é que a seca e as altas temperaturas da primeira metade de 2024 afetarão os níveis de produtividade no país asiático. Nossa previsão é de que 27,2 M de sacas de café sejam produzidas no Vietnã no ciclo 24/25, uma redução de cerca de 500.000 sacas em relação ao ciclo 23/24.

Vale lembrar que a produção de café do Vietnã diminuiu nos últimos ciclos devido à redução da área e a condições climáticas adversas, o que já teve impacto sobre as exportações. Por exemplo, a temporada 23/24 terminou com exportações de 25,1 M de sacas, abaixo das 27,6 M da temporada anterior, devido à escassez de oferta, e nossas expectativas para a 24/25 também são de embarques abaixo da média.

É interessante notar que isso também levou o Vietnã a importar mais café, especialmente do Brasil, como se vê nos dados do Cecafé. Nesse sentido, a tendência em 2024 tem sido um aumento das exportações do Brasil para a Ásia, especialmente para países como o Vietnã, conforme mencionado acima, mas também para a Indonésia e a China, reforçando nossa expectativa de maiores exportações em 24/25, mesmo com uma possível mudança na EUDR.


Vietnã - Oferta e demanda (M de sacas)
Vietnã - Exportações de Café ('000 sacas)

Fonte: Hedgepoint

Fonte: Refinitiv

Em resumo

As exportações brasileiras de café continuam apresentando números expressivos, uma vez que a oferta de outras origens é limitada. Não apenas as exportações de arábica aumentaram, mas o conilon continua a estabelecer novos recordes, apoiando as expectativas de embarques maiores em 24/25.

No entanto, há algumas condições que podem afetar as exportações brasileiras nos próximos meses, como o possível atraso na implementação do EUDR e o aumento da oferta no Vietnã à medida que nos aproximamos da safra 24/25. Por outro lado, há um consenso crescente de uma safra menor no Vietnã nesta temporada, o que poderia afetar as exportações do país nos próximos meses.

Vale lembrar que a menor oferta na safra 23/24 já levou a uma redução nos embarques do país, o que pode ser positivo para as exportações brasileiras a médio e longo prazo, uma vez que o grão brasileiro já vem aumentando sua participação no mercado global.


Relatório Semanal — Café

Escrito por Laleska Moda

laleska.moda@hedgepointglobal.com

Revisado por  Thais Italiani
thais.italiani@hedgepointglobal.com

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