Preços do arábica atingem novo recorde em meio ao aumento dos riscos
- Os preços futuros do café dispararam esta semana. Os contratos do Arábica ultrapassaram os níveis de 300 c/lb no início da semana, com o contrato de março fechando a 326,15 c/lb na quarta-feira, estabelecendo um novo recorde para os preços futuros. Os futuros do Robusta também subiram.
- Os preços domésticos brasileiros também atingiram uma nova alta esta semana, com o Indicador CEPEA/ESALQ do Arábica chegando a 2,090.65 BRL/saca na quinta-feira. O Indicador do Robusta atingiu 1,766.75 BRL/saca no mesmo dia, também um novo recorde.
- O mercado está sendo impulsionado principalmente pelos receios de uma safra menor de arábica no Brasil em 25/26 e pela falta de interesse dos produtores em novas vendas, com os especuladores mantendo as suas posições compradas. A colheita vietnamita de 24/25 também está atrasada, com um volume significativo de grãos ainda por chegar ao mercado.
- A recente alta do mercado está elevando o risco de "compras de pânico", pois há preocupações de que os produtores possam atrasar ou até falhar nas etregas, além de aumentar os custos de hedge devido a margens de compra mais altas, o que eleva o risco do mercado.
Preços do arábica atingem novo recorde em meio ao aumento dos riscos
Os futuros do café continuaram sua tendência de alta esta semana, acompanhando o aumento do risco do lado da oferta. A tendencia foi especialmente significativa para os futuros do Arábica, que atingiram seus níveis mais altos em quase 50 anos, com o contrato de março fechando a 326,15 c/lb na quarta-feira, 27. A recente recuperação dos preços refletiu principalmente a atual retração dos produtores no Brasil e as preocupações com a safra 25/26 no país, já que o clima seco e quente até setembro pode ter impactado a safra de Arábica, como mencionado em análise anterior (link). Com cerca de 70% da safra brasileira 24/25 já vendida e perspectivas de maiores restrições de oferta na próxima safra, os produtores não estão com pressa de vender os grãos remanescentes.
Fonte: Refinitiv, Hedgepoint
Fonte: Refinitiv, Hedgepoint
Os preços no Brasil também estão atingindo novos recordes esta semana, mas o mercado segue calmo. O Indicador CEPEA/ESALQ do Arábica chegou a 2,090.65 reais/saca na quinta-feira 28, um novo recorde para a série histórica. Os preços do robusta também atingiram seu maior valor no mesmo dia, em 1,766.75 BRL/saca. No entanto, o spread entre as duas variedades aumentou em novembro, depois de ter atingido níveis negativos em setembro, indicando que os preços do arábica tiveram uma alta mais significativa durante o mês. É provável que o spread ultrapasse os níveis médios nos próximos dias, uma vez que as regiões de arábica no Brasil foram as mais afetadas pelo clima adverso em 2024, com a possibilidade de uma diminuição da produção em 25/26. Isso também pode levar os produtores a segurar seus grãos nos próximos meses, na expetativa de um novo aumento de preços, provocando temores de fluxos comerciais mais apertados para a variedade no próximo mês.
Fonte: Safras & Mercado (* valores atualizados até dia 27 de novembro)
Fonte: Safras & Mercado
O spread para os contratos de arábica de março a maio também realça este aumento das preocupações com as restrições à oferta no início de 2025. É interessante notar que as recentes máximas também levaram a ICE US a aumentar a margem inicial do contrato de arábica (KC) nos últimos dias, com a possibilidade de um novo incremento nos próximos meses, uma vez que o mercado está altamente estressado. Embora este movimento não tenha tido qualquer impacto até à data, um aumento da margem inicial poderia conduzir a uma venda na posições de fundos e a uma interrupção da atual alta dos preços do arábica. Na verdade, esta mudança seria bem-vinda no mercado, dado que os preços atuais elevam a probabilidade de “compras de pânico”, uma vez que os fundos ainda mantêm posições compradas, há ameaças de atraso ou mesmo de descumprimento de entregas por parte dos produtores e um aumento dos custos de hedge, devido a chamadas de margem mais elevadas, o que aumenta o risco do mercado.
No caso do robusta, embora o spread entre os contratos de janeiro e março esteja abaixo dos níveis de setembro, quando o mercado estava estressado com a disponibilidade do robusta, ele ainda está em níveis positivos. Ainda que a safra brasileira 25/26 possa apresentar uma recuperação na produção de robusta, a safra vietnamita 24/25 está atrasada, com um volume significativo de grãos ainda para chegar ao mercado.
Fonte: Refinitiv
Fonte: Refinitiv
Em resumo
O mercado do café está atualmente em alta, com a persistência das preocupações com a oferta - agora do lado do café arábica - e com muitos participantes receosos com o aumento dos riscos. Os futuros do café arábica estão nos níveis mais elevados das últimas décadas, impulsionados pela perspectiva de uma quebra da produção brasileira na safra de 25/26 e pelos atuais fluxos comerciais apertados na temporada de 24/25, uma vez que produtores venderam a maior parte dos seus grãos e não têm pressa em vender mais, mesmo com os preços internos em máximos históricos.
No entanto, à medida que os fundos especulativos mantêm as suas posições compradas e os preços continuam a subir, o mercado está assistindo um aumento dos riscos, especialmente devido ao aumento dos custos de hedge. A perspectiva de um mercado apertado na entressafra brasileira pode também levar a “compras de pânico”, uma vez que os produtores podem atrasar ou não entregar o produto. A questão agora é: até quando os preços podem seguir em alta, impactando negativamente a atividade comercial e, até mesmo, o consumo?
Relatório Semanal — Café
Escrito por Laleska Moda
laleska.moda@hedgepointglobal.com
Revisado por Lívea Coda
livea.coda@hedgepointglobal.com
www.hedgepointglobal.com
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